Wilson Castro Ferreira (1913-2007)
Wilson Castro Ferreira – (1913-2007)
Wilson Castro Ferreira foi membro de uma das mais conhecidas famílias presbiterianas do Triângulo Mineiro. Seu pai, Cândido Álvares Ferreira (1882-1949), era um comerciante e fazendeiro da pequena cidade de Serra do Salitre. De origem humilde, foi autodidata e talentoso poeta, habilidade essa herdada por vários descendentes. Conheceu o evangelho em 1907, mediante a leitura do Novo Testamento e contatos com o missionário Rev. Robert Dale Daffin. Sua esposa, Sebastiana de Castro, foi recebida por profissão de fé em julho de 1909 e Cândido quatro anos mais tarde, em julho de 1913. Deu importantes contribuições à sua cidade e foi o esteio da congregação presbiteriana local, para a qual construiu um belo templo. Sua história foi contada pelo filho Wilson no livro Ainda Floresce a Jabuticabeira.
Com a primeira esposa, falecida aos 27 anos em 1915, Cândido teve quatro filhos: Amador, Orlando, Sólon e Wilson, todos batizados pelo Rev. Alberto Zanon. Com a segunda esposa, Clarice, teve outros onze rebentos: Abigail, Saulo, Raquel, Nathan, Hulda, Sara, Selomi, Daniel, Jônatas, Hesli e Cândido Filho. Wilson, o filho mais novo do primeiro casamento, nasceu no dia 17 de junho de 1913. Ficando órfão de mãe, foi criado bondosamente pela madrasta, “mãe Clarice”. Após fazer os primeiros estudos na terra natal, concluiu o primário e iniciou o secundário em Patrocínio (1927-1928). Residiu com a família do Rev. James Woodson, seu grande incentivador, com quem iniciou o estudo do inglês. Voltando a residir em Serra do Salitre, sentiu o chamado para o ministério ao participar de uma Convenção de Leigos, em Patrocínio, em junho de 1933. No ano seguinte, com o apoio do amigo Oscar Chaves e do valoroso casal Rev. Edward Epes Lane e D. Mary, foi estudar no Instituto José Manoel da Conceição, em Jandira (SP).
Em 1939, ingressou no Seminário do Sul, em Campinas, formando-se em 1942. Interrompeu os estudos por um ano (1941) para dar assistência à igreja de Araguari e seu vasto campo. Foi ordenado pelo Presbitério de São Paulo em 31 de janeiro de 1943, no templo da Igreja Reformada da Lapa. Pastoreou inicialmente a Igreja Presbiteriana de Patos de Minas (três anos) e a Igreja Filadélfia, em São Caetano do Sul, trabalhando também em Santo André e São Bernardo do Campo. Em 10 de maio de 1947, casou-se com Maria Amaral, a quem conhecera ainda menina em Patrocínio. Indo para os Estados Unidos, pastoreou por breve tempo a Igreja St. Paul’s, em Newark, Nova Jersey, onde nasceu o primeiro filho. Cursou o mestrado em Teologia Sistemática no Seminário de Princeton e no Seminário Union, em Richmond, na Virgínia.
Em março de 1949 regressou ao Brasil, pouco antes do falecimento do pai. Foi pastor em Uberlândia, Ituiutaba e depois em Goiânia, onde fundou o Instituto Presbiteriano de Educação (IPE), em 1951. Em 1954, tornou-se professor e, no ano seguinte, diretor do Instituto JMC, cargo que exerceu por sete anos. Nesse período, pastoreou as igrejas de Taubaté, Jandira, Perus e Bauru, e fez cursos de pós-graduação em Administração Escolar, Drama e Poesia na Universidade de Columbia, em Nova York. Foi pastor em Bauru em 1961 e 1962. Em julho de 1962, no Rio de Janeiro, foi eleito Secretário Executivo do Supremo Concílio da IPB, passando a residir em Brasília. Também assumiu a direção do Instituto Presbiteriano Nacional de Educação (IPNE). Fez várias viagens internacionais (Alemanha, EUA, México). Os períodos em que foi diretor do Instituto JMC e secretário executivo da IPB foram marcados por conflitos e incompreensões que lhe causaram grande aflição.
Em 1967 e 1968, tendo deixado a Secretaria Executiva da IPB, fez estudos de pós-graduação em Missões e Antropologia no Seminário Fuller, em Pasadena, Califórnia. Retornou ao Brasil em 1969, sendo convidado para lecionar Homilética no Seminário de Campinas, onde permaneceu até 1983. Suas mensagens eram muito apreciadas pelos seminaristas. Nessa época, voltou a pastorear por breve tempo a Igreja Presbiteriana de Bauru e também as igrejas de Elias Fausto e do Calvário, em Sorocaba, da qual foi o primeiro pastor. Em 1975, foi convidado por “The Back to God Hour”, organização de rádio e televisão da Igreja Cristã Reformada, para abrir um escritório no Brasil. Fundou e dirigiu por cinco anos a organização Luz Para o Caminho (LPC), sendo sucedido pelo Rev. Celsino Gama. Ao longo desse período gravou três mil mensagens para o rádio, publicou diversos livros e iniciou o Disque-Paz, contribuindo para o êxito dessa valiosa instituição. Foi professor visitante no Seminário Calvin, em Grand Rapids, Michigan.
Ao aposentar-se, em 1983, passou a residir em Uberlândia. Pouco antes, adquiriu um pequeno sítio em sua terra natal, Serra do Salitre. Em 1981, na última viagem aos Estados Unidos, visitou um casal muito amado – Rev. George e D. Hazel Hurst. Sua jubilação, pelo Presbitério de Itu, ocorreu no dia 15 de dezembro de 1984, na Igreja do Calvário, em Sorocaba. Foi pregador o seu irmão e amigo Rev. Saulo de Castro Ferreira. O Rev. Wilson publicou muitos livros: Mensagens de Luz; Cada Dia; Mais um Dia; Um Outro Dia; Esboço de Teologia Bíblica; Calvino: Vida Influência e Teologia; Uma Vida de Verso em Verso (poesias); Ainda Floresce a Jabuticabeira; Drama e Representações Evangélicas; Modelos de Fé; Tempo para Tudo; Versos Diversos; Os Pequeninos; Fatos e Figuras – Memórias de Serra do Salitre; Pequena História da Missão Oeste do Brasil; Se Não Fosse o Senhor; Como se Faz um Ministro; Éramos Dois. Foi membro da Academia de Letras de Uberlândia e da Academia de Letras do Brasil Central.
Dona Maria Amaral Castro faleceu em 1998. O esposo deixou um emocionado preito de saudade pela companheira no livro Éramos Dois. O casal teve dois filhos: Wilson Júnior e Ricardo. Após uma vida longa e frutífera, plena de realizações em prol da Igreja Presbiteriana do Brasil e do reino de Deus num sentido mais amplo, o Rev. Wilson Castro Ferreira dormiu no Senhor no dia 10 de março de 2007, em Goiânia, com quase 94 anos.
Nota por Luiz Otávio Pereira do Carmo
Seu hino mais conhecido é “O Anjo da Paz”, hino de natal escrito em 1956, com Música de João Wilson Faustini em 1957. Está presente nos Hinários Salmos e Hinos (91); Os Céus Proclamam, vol.2 (50); Seja Louvado (91); Novo Cântico (235) e Cantai Todos os Povos (349).
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Meu comentário é de grande gratidão e admiração ao pastor Wilson Castro Ferreira, minha mãe o conhecia e era sua admiradora,por isto quando nasci em 1951,na fazenda porto Maria na beira do rio Abaeté mg ,minha saudosa mãe,Judith Mendonça de Oliveira,colocou meu nome de Wilson em homenagem ao Rev Wilson, e me consagrou ao Senhor pedindo a Deus que eu fosse como ele ” um pastor ” minha guardou para ela esse segredo, eu nunca quis ser pastor, um certo dia o Espírito Santo me falou que enquanto eu não fosse ordenado ao ministério pastoral,ele não levaria minha mãe,que já estava com 86 anos e doente. Eu tinha 17 anos como diácono da igreja de nova vida de Brasília,e fui ordenado ao ministério pastoral e naquele mesmo ano 3meses depois Deus levou minha mãe. Tenho muita vontade de conhecer alguém dos seus filhos,minha mãe me falou sobre esse assunto já bem próximo da minha ordenação. Quando eu entendi muitas coisa que me aconteceram. Abraços na paz de Cristo Jesus.