Marcelo Ganter (1954-1975)
Marcelo Norman Hubert Ganter (1954-1975)
No dia 24 de março de 1975, era sepultado no cemitério “Jardim da Saudade”, no Rio de Janeiro, um jovem de vinte e um anos, vitimado por leucemia. Silenciavam um violão e uma voz dedicados ao louvor a Deus e à pregação do Evangelho através da Música Sacra. Calava um poeta e compositor autodidata. Choravam crianças, jovens e adultos, crentes que dele aprenderam tantas canções; toda uma comunidade evangélica levava suas despedidas ao corpo terreno de Marcelo Ganter.
Nascido no Rio de Janeiro a 23 de julho de 1954, foi batizado na Igreja Presbiteriana de Copacabana, pelo Rev. Benjamin de Moraes. Seguiu para a Alemanha com seus pais, onde viveu alguns anos, e retornou ao Brasil para fazer o Curso Ginasial e os cursos seguintes. Aos dezessete anos foi recebido por Profissão de Fé na Igreja Presbiteriana de Botafogo, pelo Rev. Stelleo Severino da Silva. Comprou um violão, alguns métodos e, sozinho, aprendeu o bastante para se acompanhar no cântico das melodias que ensinava aos grupos de jovens e crianças, em várias igrejas, em pontos de pregação e nas escolas dominicais. Quase todos eram composições suas, letra e música.
A morte o atingiu bem cedo, numa hora em que Marcelo estava estudando e trabalhando intensamente, dando aulas de violão e amadurecendo seus planos de estudar Teologia, paralelamente à Engenharia que já cursava na Universidade Gama Filho.
Deixamos, agora, que fale sua mãe, Dna. Rute Ubaldo Ganter, numa “Conversa entre mãe e filho”, escrita alguns meses após a morte de Marcelo:
Porque um milagre se deu. Você, sem curso especializado, se tornou hábil pregador. Por diversas vezes se manifestou interessado em cursar a Faculdade de Teologia. Queria, a exemplo de alguns pastores, se dedicar à pregação através da música. Não chegou a realizar seu sonho mas a sua música, apresentando na sua essência a Cristo, seus versos, sua vida, seu exemplo, sua simpatia, mesmo entre os incrédulos, desconhecidos (nos pontos de ônibus), entre seus alunos de violão, eram a expressão da beleza de Cristo. Recebo, de vez em quando, uma cartinha de suas alunas falando de você, na influência que você teve em suas vidas. Há poucos dias, uma delas se decidiu ao lado de Cristo, na Igreja Metodista, e dizia em sua carta: “Eu aceitei àquele Jesus que Marcelo me ensinou a amar. Quando me converti e conheci aquele mesmo Amor de que ele falava, tive vontade de ligar para ele e dizer que havia encontrado o seu Jesus. Mas, era tarde, pois esse Jesus o havia levado.” E a crente fiel, Dna. Rute, termina sua “Conversa entre mãe e filho”:
Muito obrigada, Marcelo Norman. Sua mãe eternamente grata por sua gloriosa vida. Um dia cantaremos juntos. Até um dia, meu filho, pela Graça de Jesus Cristo.
Sua Mama.
Dentre os inúmeros trabalhos musicais de Marcelo, destacamos o “Hino do Projeto Simonton” (um movimento de evangelização liderado pela mocidade) e o hino de natal que estamos publicando neste número .
O coral das crianças da Igreja Presbiteriana de Copacabana tem hoje o nome: “Coral Marcelo Ganter”.
“Publicado originalmente em: Louvor Perene nº 66, Julho, Agosto e Setembro de 1976”
© 1976 de Ruy Wanderley – Usado com permissão
Fotografia enviada pelo Colaborador Ruy Wanderley