Hinos da Nossa História II – Rolando de Nassau
“Hinos da Nossa História – II”
(“In memoriam” da leitora Daisy Soares Lima, do Rio de Janeiro, RJ)
“Servite Domino in Laetitia”
O Coral Evangélico de São Paulo
Inspirado pelas atividades musicais no século 19 de Alexander Latimer Blackford (1829-1890), Antônio Pedro de Cerqueira Leite (1845-1883) e José Zacarias de Miranda e Silva (1851-1926) em igrejas presbiterianas no estado de São Paulo, o pastor Nathanael Inocêncio do Nascimento organizou, em 1948, o Coral Evangélico de São Paulo, que é contemporâneo do Coral Excelsior, do Rio de Janeiro.
Já em 1951, Nathanael Inocêncio promoveu a apresentação do oratório “São João Batista”, do compositor luterano gaúcho Léo Schneider (1910-1978), pelo Coral Evangélico no Teatro Municipal da capital paulistana (OJB, 05 nov 2006). Numa das três récitas, participaram 162 coristas. Foram necessários 182 ensaios!
Em 1966, Nathanael (bispo da Igreja Metodista, de 1965 a 1970), publicou o acima referido oratório.
Tivemos oportunidade de ouvir, em 15 de agosto de 1959, no Instituto “Mackenzie”, num festival comemorativo do primeiro centenário presbiteriano, o referido coral, desta vez com 106 vozes, regido por João Wilson Faustini, auxiliado por Vera Corneitschuk, regente do Coro da PIB-SP (OJB, 08 out 1959).
Na primeira década, o Coral teve uma fase comungante/ecumênica, isto é, o ingresso era resultado de arregimentação de coristas; a princípio, entre membros de igrejas metodistas, depois, de outras igrejas evangélicas. Eram pessoas desejosas de cantar, mas, na maioria talvez, sem instrução musical.
Na fase educativa, principalmente sob a orientação de Alberto Corazza (1938-2021) e Umberto Cantoni, elas tiveram no Coral uma escola de iniciação musical, para melhoria do nível técnico das apresentações.
Nos últimos anos, o Coral passou a ter uma função patrimonial, isto é, a de formar um acervo de música coral evangélica e a de incentivar o intercâmbio de partituras entre coros evangélicos de São Paulo.
Do ponto de vista artístico, ascendeu a um novo patamar quando colocou em seu repertório obras da música sacra erudita, executadas sob a regência de Diogo Pacheco, Luís Roberto Borges e Lutero Rodrigues.
Desde 1997, seu projeto histórico tem sido resgatar a hinodia evangélica.
O que custou ao Coral Evangélico de São Paulo 60 anos de trabalho, Levino Alcântara, bem no estilo JK, na Associação Coral Evangélica do Rio de Janeiro, pretendeu realizar em menos de 10 anos.
O Grande Coro
Para formar o Grande Coro, foram convidados, a partir de 1997, os corais evangélicos de Piracicaba, Sorocaba e Cuiabá, e os coros de igrejas presbiterianas (36 vezes), presbiterianas independentes (11), metodistas (5), batistas (4), assembléias de Deus (3) e presbiteriana conservadora (1).
Na realização do seu projeto histórico, entre 1997 e 2011, o Grande Coro gravou 10 CDs e 2 DVDs. O terceiro CD, “Hinos da nossa história”, foi considerado “a gravação do século” (OJB, 12 mar 2001, p. 7).
Sucedendo a Umberto Cantoni, desde 2002 Dorotéa Kerr tem sido a regente do Grande Coro.
As gravações de 2011
Gravados, utilizando a mais moderna tecnologia discográfica, com o mesmo conteúdo, em suportes diferentes, o CD e o DVD, do qual participaram centenas de cantores, apresentam as seguintes peças hinódicas:
No. 01. Prelúdio: “O jardim de oração” (HE-344; HA-418), música de Eleanor Allen Schroll (1878-1966).
No. 02b. “Vinde, cristãos, cantai” (HCC-235), hino de Christian Henry Bateman, traduzido por Joan Larie Sutton.
No. 05. “Senhor, vê minha fraqueza” (Salmo 6, CTP-162), de Clément Marot (1496-1544), traduzido por João Moreira Coelho, metrificado por Joaquim Augusto Machado (1902-1966)
No. 15. “Elevo os meus olhos” (Salmo 121), de Allen Pote (1945- ), traduzido por Sérgio de Souza.
No. 16. “A oração do Senhor”, de Albert Hay Malotte (1895-1964), traduzido por Dorotéa Kerr.
Neste CD de 2011 aconteceu a ênfase na produção hinódica brasileira, demonstrada nas seguintes peças:
No. 02a. “Vamos nós louvar a Deus” (CC-385), letra de Manoel Avelino de Souza (1886-1962) com música de Charles Hutchison Gabriel (1856-1932).
No. 04. “O Senhor é a minha luz” (Salmo 27), de João Wilson Faustini.
No. 06. “Nas mãos de Deus” (CTP-219), de Norah Buyers e Joás Dias Araújo.
No. 07. “Eu quero cantar”, hino de Umberto Cantoni.
No. 08. “Nosso Pai que estás nos céus” (HCC-384, arr.de Ralph Manuel; CTP-261, arr. de João Wilson Faustini), hino de Nabor Nunes Filho.
No. 09. “Canto o novo canto da terra” (HCC-549), de Simei Barros Monteiro.
No. 10. “Deus chama a gente” (CTP-277), de Darlene Schutzer, Dea C. Kerr Affini, Eder Soares, Ernesto B. Cardoso, Paulo Roberto Garcia e Tercio Junker.
No. 11. “Ó Senhor, Te agradecemos pelo mundo em que vivemos”, de Zilá Rodrigues Alves Benevenuto (1932-2021).
No. 12. “Perdoa-me, Senhor” (HCC-275), de Hiram Rollo Júnior; lembra a tradução de Umberto Cantoni (CTP-44 e HCC-280) para o hino “If I Have Wound-
ed Any Soul Today”, de C. Maude Battersby.
No. 13. “Senhor, que as palavras dos lábios meus” (Salmo 19), de Luís Renato Dias.
No. 14. “Ó Senhor, vem me dirigir!” (HCC-212), de Jilton Moraes de Castro e Ralph Eugene Manuel.
Graças a Dorotéa Kerr (regente), Nelson Silva (organista) e Davi Dumas (administrador do projeto), além de centenas de voluntários que trabalharam para a gravação do CD e do DVD, realizada em 09 de julho de 2011, no belo santuário da Igreja Presbiteriana “Jardim das Oliveiras”, em São Paulo (SP), foi mantido o esforço de preservar o patrimônio hinódico dos Evangélicos no Brasil (Salmo 32: 7).
Recomendamos mais estas gravações, na certeza de que seus ouvintes guardarão em suas memórias as palavras cantadas pelo Grande Coro de São Paulo (Salmo 119: 11).
Atualizações do editor de Hinologia Cristã e inclusões audiovisuais em 04 de fevereiro de 2022
© 2011 de Rolando de Nassau – Usado com permissão (Publicado em “O Jornal Batista”, 05 de fevereiro de 2012, p. 5). Doc. JB – 767
Excelente o histórico do Coral Evangélico de São Paulo. e as músicas muito lindas. Gostaria muito de receber este reportório.