HCC 255 – “Triste estás, cansado e aflito?”

História

255. “Triste estás, cansado e aflito?”

CERTO DIA chegou ao mosteiro Mar Saba (esculpido no grande rochedo 150 metros acima do vale Cedrom, ao sudeste de Jerusalém) um garoto de 10 anos chamado Estevão. Como devem ter ficado surpresos os encapuzados monges ao ver tão terna criança entre eles! Que lugar para desenvolver uma criança, no meio da selvagem mansão solitária, sem outra companhia, a não ser a dos taciturnos monges! Mas, João Damasceno, seu tio, foi quem o levou para aquele lugar, pois cria que ali seria o refúgio mais seguro contra o diabo, o mundo e a carne. Durante 80 anos, Estevão do Mar Saba (725-815) conheceu aquele lugar e região (por cinco anos andou ao redor do Mar Morto em pele de camelo, igual a João Batista, permanecendo no mosteiro o resto da sua vida). Em 790, Estevão tornou-se o abade do mosteiro. Faleceu em 815, aos 90 anos.

“Que transição deve ter sido quando, ao chegar o seu fim, passou das áridas rochas de Mar Saba aos campos florescentes do Paraíso! É natural que tenha sido escritor de hinos como os tios João Damasceno e Cosmas. O hino associado a seu nome, e que é um predileto universal, não é, falando estritamente, uma versão exata do que escreveu em grego, porém a idéia e a inspiração, assim como parte da linguagem, pertence-lhe, de modo que ao ler as suas linhas podemos sentir palpitar o coração e ouvir a voz do cantor cantando:1

“Triste estás, cansado e aflito,

pobre e sem vigor?

Vem a mim”, diz quem me inspira

paz e amor.

“Quais as marcas que me indicam

seu poder real?”

Nos seus pés e mãos e lado

há sinal.

Das obras de Estevão, o célebre hinólogo John Mason Neale (ver HCC 85), tirou este excelente convite à salvação, publicando-o no seu hinário Hymns of the eastern church (Hinos da igreja oriental) em 1862.

Para ressaltar o verdadeiro significado da formosura do hino, as perguntas e as respostas deveriam ser cantadas por vozes diferentes ou congregação e coro (ou vice-versa).

A inimitável missionária e hinista Sarah Poulton Kalley traduziu este hino para o português em 1888. Publicou-o na segunda edição de Psalmos e hymnos com músicas sacras em 1889. (Ver dados de D. Sarah no HCC 40).

O missionário e compositor David William Hodges explica:

Compus esta nova melodia originalmente para letra Oh, que sangue tão precioso (HCC 189), antes de chegar a linda melodia de Hiram Júnior para o mesmo texto. Quando foi escolhida a melodia dele (que ao meu ver é perfeita para o hino), a minha ficou na reserva. Surgiu então a necessidade de outra melodia de 8.5.8.3., uma métrica pouco comum, para Triste estás. Lembramo-nos da minha melodia. O resultado é o que se acha no HCC 255. WRIGHT, portanto, ficou como nome porque foi a letra deste grande hinista que tinha inspirado a melodia.2

Ver dados biográficos de Hodges no HCC 1.

1. NINDE, Eduard S. Diecinueve siglos de canto cristiano. Buenos Aires: Editorial La Aurora, 1947. pp.34-35.

2. HODGES, David William. Carta à autora em 22 de março de 1991.

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