HCC 251 – Salvação Jesus me dá
História
251. Salvação Jesus me dá
“Não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê“
(Romanos 1.16).
O autor do hino com esta feliz citação de Romanos 1.16, Manuel Avelino de Souza, nasceu em 10 de novembro de 1886, em Santa Inês, BA. De família tradicionalmente católica, conheceu o evangelho em sua mocidade e, apesar da oposição familiar, foi batizado aos 20 anos na Igreja Batista de Olhos D’Água. Trabalhava como caixeiro viajante e revelava grande capacidade de comunicação. Manuel era auxiliar do pastor, ajudando-o nas pregações. Ajudou a fundar a Igreja de Betel em Santa Inês. Em 1907, ao participar da fundação da CBB, foi observado por Salomão Ginsburg e seu companheiro T.B. Ray, os quais o aconselharam a se preparar melhor para servir a Deus. Profeticamente, Salomão Ginsburg falou dele:
“de certo conseguirá maiores coisas para o seu povo e para a causa batista”.1
Seus patrões tentaram dissuadi-lo, mas sua convicção era grande. Seguindo sua chamada, cursou o Colégio e Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (STBSB), RJ, “tornando-se um estudante proficiente, formando-se com distinção”.2 Durante seus estudos foi o auxiliar do Dr. Entzminger como evangelista na Primeira Igreja Batista de Niterói. Em agosto de 1917, foi consagrado ao ministério e assumiu o pastorado desta Igreja, pastorado que se prolongaria por 46 anos! Sob sua liderança, a igreja organizou dez novas igrejas e construiu dois templos.
Em 1919 o Pr. Avelino casou-se com D. Eva. Tiveram 6 filhos: Newton, Samuel, Silvio, Agnaldo, Helena e Nicéa, todos muito conhecidos na obra do Senhor.
“Nos anos 1923 e 1924, esteve no Seminário de Louisville, KT, nos Estados Unidos, especializando-se na matéria que iria ensinar no seminário, Homilética”.3 Voltando para o Brasil, recebeu seu Ph.D. em Filosofia da Faculdade de Filosofia do Rio de Janeiro, em 1929.
A liderança do Pastor Avelino foi muito importante na denominação batista. Serviu por muitos anos como presidente da Convenção Batista Fluminense e da Convenção Batista Brasileira nos anos de 1918, 1928, 1929, 1941, 1942 e 1945.
Professor de filosofia, homilética, teologia pastoral e outras disciplinas no STBSB, o pr. Manuel Avelino sempre ensinou com objetividade, com dados de sua própria experiência. Os seus alunos lembram com carinho daquele querido professor, com sua personalidade simples e cativante, subindo a colina do Seminário com energia e prazer, dia após dia, para ministrar suas aulas. O pr. Luiz Modesto Menezes, por ocasião do centenário do nascimento do pr. Manoel Avelino, falou da influência duradora do professor sobre o seu ministério:
Aconselhava ele que deveríamos examinar as Escrituras com real interesse, à maneira bereana, e com reverência e amor sob a luz do “espírito vivificante” – CRISTO JESUS – a chave-mestra do tesouro das Escrituras (….) que procurássemos, como ministros de Cristo, “ser fiéis despenseiros da casa de Deus”, “despenseiros da multiforme graça de Deus”, “falando como estando entregando as palavras de Deus”, “administrando segundo o poder que Deus dá” a fim de que, “em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo.” (Essas figuras ilustrativas ele nos apontava em 1Coríntios 4. 1,2; Tito 1.7,9 e 1Pedro 4. 10,11).4
O pr. Avelino também fundou o Colégio Batista de Niterói, que serviu diversas gerações daquela cidade.
A contribuição do pr. Avelino à hinódia brasileira é indiscutível. Seus hinos geralmente nasciam para datas especiais ou para outras necessidades específicas como a do hino Temos por lutas passado (HCC 502). Costumava dizer que não sabia música, mas era poeta e sabia escolher música para suas letras. Sabendo quais eram os hinários que as igrejas possuíam e a grande dificuldade em imprimir outras músicas, escolhia músicas destes hinários com o auxílio da sua querida esposa e colaboradora, D. Eva, ao harmônio. Assim, ele reconhecia, os instrumentistas poderiam tocá-los, e o povo podia cantar os seus hinos logo.
O pr. Avelino preparou 29 hinos para o Cantor cristão, dos quais três foram adaptações e os demais, originais. Fez parte da comissão que preparou a revisão de 1958, dando de si sem se poupar. Embora a denominação não estivesse preparada para uma revisão tão completa naquele ano, a Comissão do HCC pôde aproveitar alguns dos seus hinos.
O HCC inclui, além de número 251, os hinos: Eis a nova (296), Jesus, levaste a minha cruz (304), Cristo amado (497), e o famosíssimo e amado Temos por lutas passado (502), que foi cantado no seu culto memorial.
Perguntado pela autora: “Como é que o irmão descreveria o pr. Manoel Avelino em poucas palavras?”, um irmão que tivera o privilégio de ser uma das suas ovelhas, respondeu: “Um homem de fé!”
O pastor Avelino faleceu no dia 27 de setembro de 1962, aos 76 anos de idade. O Dr. José do Reis Pereira, no seu artigo em O Jornal Batista, celebrando os cem anos do nascimento do pastor, disse assim:
Um dos seus monumentos foi o majestoso templo da sua Primeira Igreja Batista de Niterói. Outros foram seus livros, seus hinos, sua família, sua atuação dedicada em tantas agências denominacionais como o Seminário, a Junta de Educação Religiosa e Mocidade, hoje JUERP, e a Junta Patrimonial. Dele se pode dizer, com fidelidade que “morto ainda fala”. Porque suas obras permanecem e testificam do grande valor de sua vida.5
Albert Christopher Fisher (1886-1946) compôs esta música em 1913 para o seu hino Love is the theme (Amor é o tema). A melodia FISHER leva o seu nome.
Albert Fisher nasceu no Estado de Carolina do Norte, EUA. Estudou na Faculdade Politécnica de Fort Worth, no Texas, e nas Universidades Vanderbilt e Metodista do Sul. Por dez anos serviu como evangelista para a Igreja Metodista Episcopal (Sul). Durante a primeira guerra mundial serviu como capelão. Pastoreou igrejas na Conferência do Oeste do Estado de Oklahoma por doze anos. Em 1944 foi transferido para a Conferência no Norte do Texas.
Fisher escreveu um bom número de gospel hymns (ver HCC 112) e editou o hinário Best revival hymns (Os melhores hinos de avivamento).
1. GINSBURG, Salomão. Judeu errante no Brasil. Trad. SOUZA, Manoel Avelino de, 2ª ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista (JUERP), 1970. p.180.
2. Ibid.
3. PEREIRA, José dos Reis, História dos Batistas no Brasil 1882-1982. Rio de Janeiro: JUERP, 1982. p.152.
4. MENEZES, Luiz Modesto. O centenário do pastor Manoel Avelino de Souza, O Jornal Batista, n.45 – ANO LXXXVI, 9 de nov. de 1986. p.8.
5. PEREIRA, José dos Reis. Há 100 anos nasceu Manoel Avelino de Souza, O Jornal Batista, n.45 – AN0 LXXXVI, 9 de nov. de 1986, p.1.