HCC 239 – Santo És Tu, Senhor

História

239. Santo és tu, Senhor

Porque eu sou o Senhor vosso Deus; portanto santificai-vos, e sede santos, porque eu sou santo” (Levíticos 11.44)

DESDE OS PRIMÓRDIOS da era cristã, os crentes, nos seus cultos, cantavam os salmos, ensinados pelos judeus convertidos. Além destes, adicionaram os hinos, outros trechos do Antigo e Novo Testamentos, como o Gloria in excelsis, cântico dos anjos (Lucas 2.10-14), o Magnificat, cantado por Maria (Lucas 1.46-55), o Benedictus, cântico de Zacarias (Lucas 1.67-79), e o Nunc Dimittis, cântico de Simeão (Lucas 2.28-32). No Ter sanctus (três vezes santo), de Isaías 6.3 e Apoc 4.8, os serafins dirigiam-se a seu Deus e cantavam “Santo, santo, santo”. Ao longo dos anos, o canto desta, e de outras escrituras, que antes era espontâneo, aos poucos tornou-se parte do ritual do culto. No período medieval, a igreja católica incluiu o Sanctus como parte invariável da missa que se definiu nesta época. Ao mesmo tempo, os crentes continuavam a cantar este versículo em hinos escritos em épocas sucessivas.1

Hoje, felizmente, há nas igrejas evangélicas um movimento mundial de ênfase na adoração. Para levar a igreja a adorar a Deus em uma só voz, uma ótima maneira de iniciar um culto é usar uma “chamada ao culto”: um curto trecho bíblico recitado em uníssono ou um curto cântico de adoração. Este cântico, que declara a santidade de Deus, é uma escolha excelente para esta parte do culto.

Ao procurar responsos e doxologias para os cultos das igrejas, a Comissão Coordenadora do HCC achou Holy Is the Lord (Santo é o Senhor) de letra tradicional e a música do ilustre compositor vienense Franz Schubert. Faz parte de diversos hinários modernos, inclusive The Baptist hymnal (O hinário Batista), de 1991. Em vez de traduzir a letra, a Subcomissão de Textos preferiu escrever sua própria versão para o HCC em 1990. (Veja HCC 4 para mais dados desta comissão.)

Franz Schubert compôs sua Deutsche Messa (Missa alemã), da qual esta melodia foi extraída, em 1816. A letra original fez parte do antigo Sanctus (com o texto de Isaías), seção que segue o prefácio da obra. Apropriadamente, a melodia é chamada HEILIG, HEILIG, HEILIG (Santo, Santo, Santo).

Franz Peter Schubert, um dos maiores gênios da música erudita da sua época, nasceu em 31 de janeiro de 1797, num subúrbio de Viena. Adquiriu seus primeiros conhecimentos musicais com seu pai (um hábil violoncelista amador) e seu irmão. Franz começou a tocar violino aos oito anos. Entrou, aos dez, no coro da corte de Viena e na escola Konvict, que treinava estes cantores. Seus professores (que incluíam o ilustre Saliere) descobriram nele um gênio musical. Tocou na orquestra da corte, chegando à posição de primeiro violino. Sua primeira canção, ainda existente, foi escrita em 1811, aos quatorze anos; sua primeira sinfonia, em 1813. Para se sustentar, Schubert completou seu preparo para o ensino público, juntando-se ao seu pai na mesma escola. Continuou a estudar composição, e tornou-se

“o exponente supremo do lied (canção alemã), obtendo a maestria de expressão vocal”.2 

De fato, hoje Schubert é

“considerado o criador dolied alemão moderno”.3

Há amplas fontes sobre a vida e obra deste cordial gênio que, como Mozart, produziu (além de 500 canções) um fantástico acervo de música em todas as formas na sua curta vida de 31 anos (suas obras completas abrangem quarenta volumes!). Faleceu em 1828, de febre tifóide, pobre e pouco conhecido além do seu círculo de ilustres músicos e escritores. Hoje, sua obra é considerada à altura de Beethoven (ver HCC 60). A seu próprio pedido, foi sepultado perto deste gênio alemão. (Brahms, outro gênio do século, foi também sepultado perto).

1. Um lindo exemplo é Santo! Santo! Santo! (HCC 2) de Reginald Heber, tão amado pelo povo de Deus no mundo inteiro.

2. SLONIMSKY, Nicolas, ed. Baker’s biographical dictionary of musicians. Sixth Edition, New York: Schirmer Books, 1978. p.1549.

3. Ibid., p.1550.

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