HCC 216 – Eu quero o pão do céu
História
216. Eu quero o pão do céu
“Declarou-lhes Jesus: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim, de modo algum terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede” (João 6.35).
ESTE HINO é uma oração para que Cristo, o Pão do céu, abra sua Palavra para nós e nos alimente. Quando a verdade das Escrituras está aplicada em nós, encontramo-nos com Cristo e somos transformados, achando liberdade e paz nele, o Summum Bonum (o Bem Supremo).1
As estrofes 1 e 2 são baseadas em Mateus 14.13-21.
Em 1877, o diretor do famoso Acampamento Chautauqua pediu à autora, Mary Lathbury, que escrevesse um hino para os grupos de estudos bíblicos do acampamento. Levando sua Bíblia a um lugar muito quieto e aprazível nas margens do Lago Chautauqua, Mary abriu-a na história de Cristo alimentando a multidão. Suas estrofes pediram que Cristo abrisse a Palavra para estes grupos como partiu o pão e alimentou a multidão naquele dia perto do mar da Galiléia. Mary deu sua letra a William F. Sherwin, diretor da música do Acampamento Chautauqua e regente do seu grande coral. Logo Sherwin compôs esta singela melodia, BREAD OF LIFE (Pão da vida). Usou o novo hino naquele acampamento e o incluiu nas publicações de Chautauqua. Esta feliz combinação de letra e música fez com que o hino se difundisse por toda parte. Apareceu pela primeira vez num hinário em 1878, em The Calvary selection of spiritual songs (A seleção Calvário de cânticos espirituais).
Em 1913, o hinista inglês Alexander Groves, estudando o hino de Lathbury, quis reforçar sua mensagem. Escreveu mais duas estrofes, baseando-as em João 6.33-35, assim continuando a oração. Seu real desejo era que o Pão do céu lhe alimentasse por meio da Palavra de Deus. Publicou o hino com as quatro estrofes na revista Wesleyan Methodist magazine (Revista Metodista wesleyana) naquele ano. Desde então, muitos hinários apresentam esta versão. O hino é muito apropriado para se cantar antes ou depois de abrir a Palavra de Deus em qualquer reunião.
Em 1989, João Soares da Fonseca, como membro da Subcomissão de Textos do Hinário para o culto cristão, estudava este hino no original. Apreciou muito a versão de quatro estrofes, e fez uma nova adaptação dela, sempre lembrando o alvo do hino original, que Cristo abra e aplique a Palavra em nossas vida, para que nelas haja real transformação (Ver dados do tradutor no HCC 10).
Mary Artemisia Lathbury (1841-1913) nasceu em Manchester, no condado de Manchester, Estado de Nova Iorque. Filha de um pastor metodista, mostrou desde cedo seus dotes artísticos e literários. Tornou-se artista profissional, desenhando ilustrações para revistas e livros para crianças. Aos 32 anos, sentindo-se exausta e com a vista muito cansada, decidiu ir ao famoso Acampamento Chautauqua, ao sudoeste do Estado, onde cada ano mais de 50.000 pessoas se reuniam para refrigério espiritual, mental e físico. Lá, Mary ofereceu sua ajuda ao ilustre diretor, o Bispo John H. Vincent. Começou, então um relacionamento longo e único. Com suas capacidades incomuns, chegou a ser chamada “Poetisa laureada de Chautauqua”. Seu hino Cântico vespertino foi sempre usado no acampamento e difundiu-se ao redor do mundo.
Mary foi editora e autora de muitos artigos para jovens e crianças e fundou uma organização para jovens nas Escolas Dominicais metodistas chamada Look-up legion (A legião dos que olham para cima) cujo lema, baseado num verso por Edward Edward Hale, era:
Olhe para cima – não para baixo;
olhe para a frente – não para trás;
olhe para fora – não para dentro; e dê a mão.2
Mary Lathbury faleceu em East Orange, no Estado de Nova Jersey.
William Fiske Sherwin (1826-1888), nascido em Buckland, Estado de Massachusetts, cantou contralto no coro da sua igreja batista aos dez anos. Aos 12 começou a aprender violoncelo. Seus pais eram inválidos, e ele começou a sustentar a família quando ainda muito jovem. Tornou-se professor do Estado de Nova Iorque e remetia quase todo o seu salário para os pais. Sherwin teve o privilégio de estudar com o ilustre Lowell Mason (ver HCC 22). Tornou-se professor de canto no Conservatório de Música da Nova Inglaterra, em Boston, Estado de Massachusetts. Por muito tempo foi editor de música para a editora Biglow & Main (que mais tarde seria Hope Publishing Company). Compôs muitas melodias cativantes para hinos, inclusive para os dois hinos de Mary Lathbury. O Hinário para o culto cristão (525) inclui sua linda melodia para Ah, se eu tivesse mil vozes!, texto de Entzminger.
Sherwin teve a habilidade incomum de organizar e reger coros voluntários, e assim foi escolhido para dirigir a música (e o grande coral) da famosa Assembléia Chautauqua de Nova Iorque.
Alexander Groves nasceu em Newport, na Ilha de Wight no sul da Inglaterra, em 1842. Aos 18 anos, estabeleceu-se em Henley, condado de Oxfordshire, onde trabalhou como contador e merceneiro. Em 1887, começou a trabalhar no banco da cidade. Ali, por sua habilidade e dedicação, foi incumbido com posições de mais e mais responsabilidade. Respeitado membro da igreja, Groves serviu como organista da Igreja Metodista Wesleyana por muitos anos. Nos seus últimos anos foi membro da paróquia anglicana da cidade. Faleceu em Henley, em 1909.
1. HUSTAD, Donald P. An interpretation: Break thou the bread of life. Em: The hymn, v.36, n.3, Fort Worth, TX: The Hymn Society, July, 1985. p.27.
2. WAKE, Arthur N. Companion to hymnbook for christian worship. St. Louis, MO: The Bethany Press, 1970. p.286.