HCC 183 – Cada momento
História
183. Cada momento
EM 1893, Henry Varley, um pregador leigo inglês, disse para o evangelista major Daniel Whittle:
“Não gosto muito do hino Cada hora preciso de ti porque eu preciso de Cristo cada momento do dia.”1
Depois de refletir sobre esse comentário, Whittle escreveu o texto deste hino. Deu-o para a sua filha May, uma excelente musicista, e ela compôs uma cativante melodia para ele. Em seguida, seu colega, o evangelista-cantor Sankey, publicou-o nos Estados Unidos e na Inglaterra, primeiro em folheto, depois nos seus hinários. O notável pregador e escritor, o Dr. Andrew Murray, adotou-o como seu hino predileto, pedindo a sua esposa para cantá-lo em quase todos os seus cultos na África do Sul
O autor do hino, Daniel Webster Whittle, nasceu em 22 de novembro de 1840, em Chicopee Falls, Estado de Massachusetts, EUA. Trabalhou na Wells-Fargo Company, em Chicago, até alistar-se no exército da União, em 1861. Durante a Guerra civil, Whittle atingiu o posto de major, título que conservou até a sua morte.
Após o combate feroz em Vicksburg, Virgínia, no qual perdeu o braço e foi aprisionado, o major Whittle entregou-se a Cristo. Desejando algo para ler durante sua recuperação, procurou em sua mochila e encontrou o Novo Testamento que sua mãe colocara ali! Começou a lê-lo. Certa noite, foi acordado por um guarda que o chamava:
– Venha, major, venha orar com um rapaz que está morrendo!
– Mas eu não sei orar, cabo, jamais orei com alguém, foi sua resposta.
– Venha, major, ele precisa de alguém, insistia o cabo.
Correndo, então, Whittle foi ao encontro do moribundo. Este agonizava e pedia:
– Ore por mim! Não estou preparado para morrer!
Impressionado, caiu de joelhos e pediu a Deus que salvasse o rapaz. Quando levantou os olhos, o rapaz estava morto, mas havia uma expressão muito tranquila no seu rosto.
Ao contar desta conversão, o major falava: Espero encontrá-lo no céu!2
Depois da guerra, Whittle tornou-se tesoureiro da Elgin Watch Company, mas, com a influência de Dwight L. Moody, deixou o cargo para dedicar-se à evangelização em 1873. Deus o abençoou. O músico e hinista Philip Paul Bliss trabalhou com ele nas suas campanhas evangelísticas até a morte trágica do hinista (ver HCC 117). Depois, cooperaram no seu ministério outros dois cantores e hinistas: James McGranahan e George Coles Stebbins.3 Milhares de pessoas aceitaram a Cristo através destas campanhas.
O major Whittle foi autor de vários poemas e de muitos hinos que ele assinava com o pseudônimo “El Nathan”. Um bom número apareceu em hinários brasileiros, e quinze no Cantor cristão.
Além de Cada momento, mais três dos seus melhores hinos, verdadeiros desafios para a nossa vida espiritual, aparecem no HCC 337, Chuvas de bênçãos, o primeiro hino traduzido por Salomão Ginsburg, o n.435, Não sou meu, e o n.447, Mas eu sei em quem tenho crido. Estes hinos foram vivenciados na vida consagrada do major Whittle.
Major Whittle faleceu no dia 4 de março de 1901, em Northfield, no seu Estado natal, depois duma vida frutífera de serviço ao seu Senhor.
Salomão Luiz Ginsburg habilmente traduziu este hino em outubro de 1909 e publicou-o pela primeira vez na segunda página de O Jornal Batista em 11 de novembro de 1909. Posteriormente incluiu-o, em o Cantor cristão. (Ver dados biográficos do tradutor no HCC 29).
A compositora Mary (May) Whittle Moody (1870-1963), filha de Whittle, chamava-se realmente Mary, mas sempre usou o nome May. Formou-se em Música na Faculdade Oberlin, Estado de Ohio, e estudou na Academia Real de Música, em Londres. Possuia uma voz de “doçura excepcional, e qualidade sonora muito rica”.4 Cooperou com o seu pai e Dwight L. Moody nas suas campanhas evangelísticas. Casou-se com William Moody, filho do evangelista. Seu esposo dirigiu as Escolas Northfield fundadas por Moody, e o Centro de Conferências Mount Hermon, com sede na cidade de Northfield, Massachusetts, e editou o hinário Northfield, n.3., juntamente com C.M. Alexander. William e May tiveram seis filhos. Dois morreram na infância.
O nome da melodia, WHITTLE, homenageia tanto ao pai como à filha que nos deram este hino inesquecível.
1. SANKEY, Ira D. My life and the story of the gospel hymns. Philadelphia, PA: P.W. Zeigler Co., 1906. p.212.
2. Agradeço a Henriqueta Rosa Fernandes Braga, no seu artigo Unido com Cristo. Viçosa, MG: Ultimato, Ano X, n.129, jul. 1977. p.8., os fatos deste acontecimento, e a inspiração de contar a história como diálogo.
3. Ver dados de McGranahan no HCC 150 e de Stebbins no HCC 2.
4. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal. Nashville, TN: Broadman Press, 1976.p.269.