HCC 182 – Dia a dia

História

182. Dia a dia

De ferro e de bronze sejam os teus ferrolhos; e como os teus dias, assim seja a tua força

(Deuteronômio 33.25).

A AUTORA desta tocante letra tinha firme confiança nesta declaração. Experimentara a presença de Deus em muitos momentos de tristeza e de alegria antes de escrever estas palavras confortadoras em 1865. Foram publicadas num calendário devocional em que “Lina Sandell” usou esta poesia e disse:

É tolice tomar os fardos futuros sobre o presente momento. É-nos dado somente um dia por vez, e para cada dia [recebemos] nova graça, novas forças, novo auxílio.1

Karolina Wilhelmina Sandell-Berg foi a primeira mulher sueca a destacar-se como hinista. Nasceu em 1832 em uma família de posses e influência. Sua vida foi enriquecida por experiências artísticas, literárias e religiosas. Seu pai era pastor e líder espiritual.

Aos doze anos, Karolina teve uma experiéncia que mudou sua vida. Poucos anos antes, sofrera uma doença que a deixou paralítica. Toda a família cria que Deus fosse restaurá-la à saúde e orava assim, mesmo quando os médicos achavam seu caso sem esperança. Um domingo de manhã, quando os outros estavam no culto, Karolina abriu sua Bíblia à lição do dia. Era a história da filha de Jairo. Refletindo nas semelhanças daquele caso com o seu, raciocinou:

“Se Cristo pôde curar aquela menina, da mesma forma pode curar a mim, também.”2 

Orou com todo o fervor e, de repente, sentiu uma grande alegria inundar todo o ser. Levantou-se, vestiu-se e andou! Esta experiência lhe encheu dum sentido profundo de amor e gratidão a Deus que nada pôde abalar.

Karolina começou então a escrever. Aos dezesseis anos, publicou um livrinho de meditações e poemas.

Aos 26 anos, Karolina presenciou o afogamento do seu pai quando, ao atravessarem juntos o lago Vättern, um movimento brusco do barco o jogou para fora. Ao perder o pai terrestre, ela veio a compreender a profundidade do amor e cuidado do seu Pai celestial.

“Lina Sandell”, como ela assinava suas poesias, casou-se com C.O. Berg em maio de 1867. Apesar de muitas tristezas e saúde precária, sempre transmitiu conforto e alegria aos que a cercavam.

A contribuição hinística de Karolina Sandell-Berg começou depois do falecimento dos seus pais. Até a sua própria morte, em 1903, ela escreveu mais de 650 poesias que refletiam o espírito e a expressão do reavivamento que se alastrou pelo norte da Europa durante sua vida. Sua obra é tão importante que ela é chamada “a Fanny Crosby da Suécia”.3 

O Hinário para o culto cristão inclui mais um dos maravilhosos hinos de Lina Sandell, Deus é nosso Pai amado, no número 412.

Oscar Ahnfelt, chamado na Suécia de “o trovador espiritual”, por ser um cantor extremamente popular no país, musicou a letra de Karolina, e publicou o hino na sua famosa coletânea Andeliga Sånger em 1872.

A melodia de Ahnfelt tomou seu nome da primeira frase da poesia de Karolina, BLOTT EN DAG. Tornando-se predileto, o hino Dia a dia foi publicado em um crescente número de hinários, tanto na Suécia, como em outros países.

O compositor Oscar Ahnfelt (1813-1882), porque seu pai era ministro da Igreja da Suécia, teve uma educação aprimorada e começou os estudos em teologia. Mais tarde, associou-se com Carl Olof Rosenius, o maior pregador leigo e líder do movimento pietista na metade do século dezenove. Ahnfelt, que cantava e pregava, fez uma contribuição ainda maior à hinódia, compondo músicas para muitas das letras de Rosenius, Sandell-Berg, e outros escritores. Jenny Lind, famosa cantora mundialmente conhecida como “O rouxinol sueco”, financiou a publicação da primeira coletánea de Ahnfelt, em 1850. Onze edições do hinário seguiram, até que em 1877 havia 200 hinos, 143 das melodias sendo de Ahnfelt, a metade originais e a outra, arranjos. Emigrantes da Suécia à América do Norte levaram estes hinos consigo e acharam neles uma fonte de força espiritual nas dificuldades de estabelecer-se no novo país.

Uma excelente tradução para o inglês foi feita pelo sueco-americano, Andrew L. Skoog (1856-1934), homem de muitas habilidades e vocações. Autodidata em música, Skoog serviu como organista, e mais tarde como regente e ministro de música em algumas igrejas no estado de Minnesota, EUA. Escreveu e compôs hinos e antemas, e editou sete hinários.

Foi a versão de Skoog que Joan Larie Sutton traduziu para o português em cerca de 1975. (Ver dados de Joan Sutton no HCC 25).

1. SANDELL BERG, Karolina Wilhelmina (Lina Sandell). Korsblomman. Em: ERICKSON, J. Irving. Twice-born hymns. Chicago, IL: Covenant Press, 1976. p.26.

2. Ibid.

3. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal. Nashville, TN: Broadman Press, 1976. p.418.

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