HCC 134 – Bem junto à cruz de Cristo
História
134. Bem junto à cruz de Cristo
“Um varão servirá de abrigo contra o vento, e um refúgio contra a tempestade, como ribeiros de águas em lugares secos, e como a sombra duma grande penha em terra sedenta” (Isaías 32.2).
O TEXTO deste hino reflete o profundo conhecimento das Escrituras que tinha a sua autora, a frágil escocesa Elizabeth Cecilia Clephane. Ela o escreveu em 1868, um ano antes da sua morte prematura, mas publicado anonimamente em 1872, como outros dos seus poemas, no periódico presbiteriano escocês, Family treasury (Tesouro da família) muito lido entre as famílias daquela denominação. Osbeck assinala os versículos bíblicos de base da primeira estrofe:1
“à sombra duma rocha” – Isaias 32.2
“ aragem no deserto” – Jeremias 9.2
“na estrada, um doce lar” – Isaias 28.12
“que os fardos ameniza” – Mateus 11.30
“o sol faz refrescar” – Isaias 4.6
Ao publicar este hino, sob o título Breathings on the border (Sopros da margem), o editor do periódico comenta:
Estas linhas expressam as experiências, as esperanças, e os desejos de uma jovem crente, que faleceu há pouco tempo. (…) Estas [palavras] de alguém que o Bom Pastor guiou pelo deserto ao descanso podem, com a bênção de Deus, contribuir para o conforto e direção de outros peregrinos.2
McCutchan recomendou esse hino especialmente para o culto da Sexta-feira da Paixão, dizendo:
“Seu espírito de devoção e a excelência da sua poesia, fazem-no peculiarmente aceitável”.3
É um excelente hino para solo, dueto, quarteto ou grupo maior!
Elizabeth Cecilia Douglas Clephane, nascida em 18 de junho de 1830 em Edimburgo, na Escócia, era filha do xerife do município. Após a morte do seu pai, a família mudou-se para Melrose, uma linda vila perto da cidade do famoso poeta escocês Sir Walter Scott.
Embora de saúde muito precária e personalidade tímida, Elizabeth servia aos pobres e doentes da sua comunidade. Com suas duas irmãs, vivia daquilo que achavam estritamente necessário, dando o resto aos necessitados. Venderam, inclusive, sua charrete e cavalo para esse fim. Elizabeth era afetuosamente chamada pela comunidade de “O raio de sol”. Gostava de escrever poesia. Poemas dela foram publicados, ocasionalmente, na revista da sua denominação. Após a sua morte em 19 de fevereiro de 1869, oito das suas poesias foram publicadas anonimamente neste periódico entre 1872 e 1874. Além deste poema, outro que se tornou um hino muito conhecido foi Noventa e nove ovelhas (Cantor cristão 39), que o cantor-evangelista Ira D. Sankey musicou e tornou famoso.
Frederick Charles Maker compôs a melodia ST. CHRISTOPHER para o hino de Clephane para ser incluída no suplemento da Bristol tune book (Coletânea de melodias de Bristol), publicada em 1881. O nome da melodia quer dizer “Bearer of Christ” (Aquele que leva Cristo).
Frederick Charles Maker (1844-1927) passou sua vida inteira na cidade de Bristol, ao sul da Inglaterra, na margem do rio Avon. Começou a sua carreira musical como corista da Catedral da cidade. Foi organista em algumas igrejas “livres” (como eram chamadas todas as igrejas evangélicas que não pertenciam à Igreja da Inglaterra, igreja oficial do país). Serviu 28 anos na Igreja Congregacional Redland Park. Foi professor adjunto por 20 anos na Faculdade Clifton e regente da Associação de Igrejas Livres de Bristol. Como compositor, além de cantatas, peças corais e composições para piano, Maker escreveu melodias para hinos, contribuindo com diversas para a Coletânea de melodias de Bristol. Esta série de coleções providenciou muitas das melodias usadas pelas igrejas livres, cujos hinários, na maior parte, eram publicados somente com os textos. Algumas dessas lindas melodias são usadas até hoje, ajudando a preservar hinos de importância.
O tradutor João Wilson Faustini (Ver dados biográficos no HCC 13) conta a história desta tradução do hino de Clephane:
Este hino era usado nos cultos da semana santa pelo rev. Anthony Monteiro, pela congregação de fala inglesa na Igreja Presbiteriana S. Paulo, [Nova Jersey, EUA] no tempo em que eu era ministro de música lá [1964-1972]. O rev. Monteiro lamentava o fato de não termos uma tradução portuguesa do mesmo. Providenciei, então, fazê-la. Antes que Seja louvado fosse publicado, mandei imprimir uns folhetos com alguns hinos que estava já preparando para aquele hinário. Bem junto à cruz de Cristo foi incluído entre estes hinos, e começou a ser usado [pela congregação de fala portuguesa] naquela igreja imediatamente.4
1. Osbeck, Kenneth W. 101 hymn stories. Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1982. p.40.
2. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal. Nashville, TN: Broadman Press, 1976, p.42.
3. MCCUTCHAN, Robert Guy, Our hymnody, a manual of the Methodist hymnal. 2ª. ed., Nashville, TN: Abingdon Press, 1937, p.181.
4. FAUSTINI, João Wilson, Carta à autora em 23 de abril de 1991.