HCC 118 – São de Jesus as histórias

História

118. São de Jesus as histórias

Um domingo à tarde em 1885, William H. Parker, um leigo muito ativo na Escola Bíblica Dominical, estava a sós, pensando nas suas experiências do dia. Recordando o pedido que ouvia tantas vezes: “Professor, conte-nos mais uma história”, se pôs a escrever as palavras deste hino. No original, Parker recordou as histórias de Cristo abençoando as crianças, acalmando a tempestade, das crianças colocando palmas no seu caminho na entrada triunfal, do jardim de Getsêmane e da cruz, onde ele sofreu por amor de nós.

STORIES OF JESUS (Histórias de Jesus) foi a melodia de Frederic A. Challinor que venceu uma competição promovida pela União Nacional de Escolas Dominicais da Inglaterra, em 1903. Na mesma competição estava o texto de Parker. Os juízes, achando melhor o texto de Parker, também, tiveram a feliz idéia de unir os dois. O novo hino apareceu no Sunday School hymnary (Hinário para Escolas Dominicais) em 1905.

William Henry Parker (1845-1929) nasceu em New Basford, no condado de Nottingham, Inglaterra. Diretor duma companhia de seguros, além de ser membro ativo da Igreja Batista da Rua Chelsea, em Nottingham, dedicou muito tempo à União de Escolas Bíblicas Dominicais. Escreveu muitos hinos para a EBD. Quinze destes apareceram no Sunday School hymnary (1905). Desses, São de Jesus as histórias é seu hino mundialmente conhecido.

O compositor Frederic Arthur Challinor (1866-1952) nasceu em Longton, condado de Staffordshire, Inglaterra. Duma família de mineiros, aos 10 anos já estava trabalhando numa olaria e aos 11, nas minas. Aos 15, conseguiu emprego numa fábrica de porcelana. Frederic sempre amou a música. Quando sua família herdou um piano, começou a desenvolver seu talento musical. Estudava em todas as suas horas de folga, conseguiu um diploma de Conservatório de Música. Bacharelou-se em Música em Londres, em 1897, e, dali em diante, compôs muito. Publicou mais de 1.000 composições, incluindo três cantatas que

“demonstraram o alto nível de qualidade que Challinor exigia de si mesmo, e sempre atingia.”1

Em 1942, a Aliança Pró Evangelização das Crianças (APEC) publicou o volume I de Cânticos de salvação para crianças, com traduções e adaptações de Maria Olinda Siqueira e do Dr. Antônio Almeida. Neste volume aparecem cinco estrofes do hino de Parker.

Para o Hinário para o culto cristão, Urgél Rusi Lóta dedicado membro da Subcomissão de Textos, levou a mensagem mais para o lado da aplicação. Alterou a primeira estrofe de Siqueira e Almeida e escreveu mais duas estrofes, inspiradas no hino original, porém expressando mais a resposta da pessoa que ouve estas histórias maravilhosas.

Não há, neste momento, informações biográficas disponíveis sobre a tradutora Maria Olinda Siqueira além do fato dela ser presbiteriana e ter ajudado a traduzir hinos do vol. I de Cânticos de salvação.

O Dr. Antônio Almeida (1879-1969), de acordo com Ruy Wanderley no hinário Novo cântico,

“é um dos mais ilustres pastores presbiterianos que marcou sua presença na história pela sua fé, coragem e cultura”.2 

Sergipano, de Frei Paulo, pastoreou diversas igrejas presbiterianas no Nordeste durante 43 anos. Foi professor de hebraico, Antigo Testamento e hermenêutica no Seminário Teológico Presbiteriano do Norte, em Recife, PE. Publicou diversas obras teológicas, como Doutrina do Espírito Santo. Suas Anotações dos livros de Gênesis, Levítico e Daniel são importantes livros de referência até hoje.

“Pelo seu conhecimento profundo da língua portuguesa, garantiu a perpetuidade de suas excelentes produções literárias.”3

Almeida escreveu, traduziu e adaptou cerca de 200 hinos. Em 1956, lançou a publicação de Hinos do coração, que reúne uma parte da sua obra hinológica. No prefácio desta coletânea escreveu:

“O cântico sagrado é o pulsar do coração agradecido; é a voz da alma, que se dirige a Deus; é a melodia do remido, que adora ao Redentor; é a mensagem da nova criatura, desejosa de levar a seus semelhantes o gozo da mesma fé; é o testemunho da experiência feliz, que se exterioriza para engrandecer o nome do Senhor…”4

Diversos hinos do Dr. Almeida estão em outros hinários evangélicos. Colaborou na tradução de três dos quatro volumes da série Cânticos de salvação, da APEC. O Dr. Almeida faleceu no Rio de Janeiro “em perfeita lucidez e cercado do carinho de todos”.5

Urgél Rusi Lóta nasceu em 18 de abril de 1950 em Cachoeiras do Macacu, RJ. Filho do vereador Rubem da Silva Lóta e Iracy Ferreira Lóta, ambos muito ativos na igreja batista local, Urgél foi criado num ambiente musical. As famílias Lóta e Ferreira cantavam e tocavam instrumentos. Urgél mostrou seus dons musicais desde cedo. Aceitou a Cristo aos 10 anos, em abril de 1960, e foi batizado pelo pr. Isaías Moreira de Farias na Primeira Igreja Batista da sua cidade natal. Sentindo a chamada para um ministério em música sacra, Urgél fez Licenciatura em Música pelo FEFIE-RJ, da Universidade do Rio de Janeiro, em 1977, e ´bacharel em música sacra pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, em 1979. Em 1976, gravou um disco com músicas folclóricas regendo o Coro da UNI-RIO.

Tornando-se ministro de música, Urgél serviu na Igreja Batista de Acari de 1977-1983, e na Primeira Igreja Batista de Vitória (1984-1991). No seu ministério, essas igrejas tiveram uma escola de música modelo que mostrou o quanto um ministério de música pode enriquecer a vida da igreja. Urgél também ensinou regência e culto e louvor no Seminário Teológico Batista do Espírito Santo (SETEBES) durante seus anos em Vitória. Uma ocasião inesquecível na vida deste maestro foi na Convenção Batista Brasileira em Vitória (1987) quando Urgél regeu um grande coro e orquestra (da sua igreja, a Igreja Batista da Praia do Canto e de membros do AMBB), no oratório Elias, de Felix Mendelssohn, que a JUERP se apressava a publicar em tempo para este evento. Em novembro do mesmo ano regeu a mesma obra no Teatro Carlos Gomes, com a Orquestra Sinfônica do Espírito Santo, e os coros das duas igrejas.

Desde o início da Associação dos Músicos Batistas do Brasil (AMBB) Urgél teve parte significativa. Durante dois anos foi eleito vice-presidente da organização, e de 1988 a 1992 serviu como presidente. Sob sua direção esta entidade continuou a crescer e servir não somente àqueles que servem na música das suas igrejas, mas também às igrejas e às missões. Na sua gestão a AMBB promoveu excelentes encontros nacionais de ministros e diretores de música. No ano de 1992 houve o III Encontro Nacional da AMBB com preleções de músicos batistas internacionais de renome. Na sua gestão também foi desenvolvido um projeto com a Junta de Missões Nacionais, visando a utilização da música na evangelização.

“O resultado foi um manual editado e distribuído pela JMN em todo o país, que vem sendo ensinado em todas as super clínicas do PNE (Plano nacional de evangelização).”6

Nos anos do preparo do Hinário para o culto cristão, Urgél trabalhou incessantemente, dando tempo e esforços sem medida. Foi membro conceituado da comissão coordenadora, trabalhou incansavelmente como membro da Subcomissão de Textos e, mais do que tudo, como relator do Grupo Assessor de Leitura de Provas.

Urgél é casado com a Prof. Gláucia Déa Delgado Lóta, conselheira de adolescentes, professora da EBD e líder do culto infantil da sua igreja. O casal tem três filhos: Lucíola, Vinícius e Rodolpho, violinistas e coristas na sua igreja. Dois dos seus irmãos são conhecidos pastores batistas, e sua irmã é muito ativa na sua própria igreja.

Em 22 de fevereiro de 1991, Urgel foi empossado como ministro de música da Primeira Igreja Batista da Penha, SP. Fazemos nossas as palavras de um colega da AMBB:

“A consciência que [Urgél] tem de sua chamada ao ministério e a honestidade com que abraça a causa do Senhor é sempre motivo de admiração por parte de seus colegas”.7

1. THOMSON, R. W., ed. The Baptist hymn book companion. London: Psalms and Hymns Trust, 1967, p.146.

2. WANDERLEY, Ruy. Novo cåntico. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana S/C, 1991, p.333.

3. Ibid.

4. ALMEIDA, Antônio. Hinos do coração. Rio de Janeiro: A. Almeida, 1956, Prefácio.

5. WANDERLEY, Ruy, Op. cit.

6. OLIVEIRA FILHO, Marcilio de. 10 anos cantando pelo Brasil. Rio de Janeiro: O Jornal Batista, n.4, ANO XCII, 18 de out., 1992, p.9.

7. AMBB, Notas em pauta, 1991.

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