HCC 117 – Homem de tristeza e dor

História

117. Homem de tristeza e dor

Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido” (Isaías 53.4).

Esta comovente descrição do sofrimento de nosso Redentor, Jesus Cristo, e da sua vitoriosa volta para nós, seu remidos, nos leva a chorar e a exultar. Certamente foram “nossa culpa, nosso mal” que o puseram na cruz. Glória a Deus, “Consumado está!” Ele virá nos buscar e “viveremos a cantar: Aleluia! Aleluia

Um ano antes da sua morte em 1876, Phillip Bliss escreveu este hino, letra e música, publicando-o, com o título Redenção, no periódico evangélico mensal International lessons monthly (Lições mensais internacionais), no mesmo ano. Seguiu-se a sua publicação em sua coletânea, Gospel hymns n.2 (Hinos do Evangelho), em 1876.

Seu amigo, o cantor-evangelista, Ira D. Sankey, recordando o fato que este foi o último hino que ele ouviu Bliss cantar, contou que:

Poucas semanas antes da sua morte, Philip Bliss visitou a prisão em Jackson, Estado de Michigan. Depois duma mensagem comovente sobre ‘O Homem de Dores’, [Bliss] cantou este hino com grande efeito. Muitos dos prisioneiros se converteram naquele dia.1

O autor, Philip Paul Bliss, nasceu numa simples cabana feita de troncos no condado de Clearfield, no Norte do Estado da Pensilvânia, EUA, em 9 de julho de 1838. Como seu pai, Bliss amava a música desde a infância, mas seu único instrumento foi uma flauta, feita de bambu por seu pai para ele. Aos dez anos, com intenso desejo de comprar um pequeno violino, colheu frutas silvestres nos pantanais perto de casa e foi vendê-las na cidade vizinha. Ao andar descalço pela cidade, este menino pobre ouviu o som de um piano. Sabia o que era, porque sua mãe o descrevera para ele. Aproximando-se da casa, subiu ao alpendre e ficou de pé diante da porta aberta, escutando. A senhora que tocava, ao perceber a presença do menino, parou de tocar. “Oh, senhora, continue a tocar, por favor!” implorava o menino. Mas aquela senhora, irritada pela audácia daquele menino a sujar o seu alpendre com seus pés empoeirados, mandou o pequeno vendedor descer e ir-se embora. Assim foi a infância de Philip Bliss. Graças a Deus, esta ocasião só serviu para alimentar a sua determinação de estudar e aprender música.

Deixando o seu lar aos 11 anos, Bliss trabalhou em fazendas e serrarias, estudando o quanto pôde. Aos 12 anos, aceitando a Cristo em conferências evangelísticas, tornou-se membro de uma igreja batista. Recebendo sua primeira educação musical com os músicos evangélicos, J.G. Towner e W. B. Bradbury (ver HCC 173), tornou-se professor itinerante de música durante o ano escolar, viajando no lombo do seu velho cavalo, carregando um pequeno harmônio. Durante as férias, assistia a Academia Normal de Música em Geneseu, Estado de Nova Iorque.

Bliss vendeu seu primeiro hino (letra e música) à publicadora evangélica Root & Cady, em 1864. Associou-se a esta empresa como hinista e compositor por quatro anos. Ao mesmo tempo, ganhou fama como professor de música, cantor e pregador. Alto, bonito, com amplos cabelos e barbas castanhos avermelhados, e o amor de Cristo brilhando no seu rosto, Bliss impressionava a todos que o ouviam a sua rica e possante voz de baixo. Encorajado persistentemente pelo evangelista Dwight L. Moody a tornar-se um cantor-evangelista, associou-se ao evangelista e hinista Daniel W. Whittle (ver HCC 183). Tiveram feliz e frutífera parceria até sua morte trágica num desastre de trem em 29 de dezembro de 1876, quando perdeu sua vida, procurando, sem sucesso, salvar a de sua esposa, Lucy.

Philip Bliss tornou-se um famoso escritor de gospel hymns (ver HCC 112).

“Possuía talento muito superior ao dos seus contemporâneos no mundo de gospel hymns [a não ser, possivelmente, Sankey]”.2 

Geralmente escrevia tanto a letra como a música dos seus hinos. Trabalhando rapidamente, texto e melodia nasciam simultaneamente. Compilou muitas coletâneas de gospel hymns, às vezes em parceria com outros e outras, sozinho. A série Gospel songs (Hinos do evangelho) foi extremamente popular, e, ao uní-la com os Sacred songs (Cânticos sacros) de Ira D. Sankey, formou-se a mundialmente famosa série Gospel hymns and sacred songs (1875 e 1876). Durante a sua curta carreira, Bliss ganhou mais de 30.000 dólares em direitos autorais. Mas, lembrando da pobreza da sua juventude, deu tudo, além de um modesto sustento familiar, para a expansão do evangelho. Mais de 40 dos hinos de Philip Bliss fazem parte dos hinários evangélicos do Brasil. O Hinário para o culto cristão inclui, além deste, suas inesquecíveis melodias para Morri na cruz por ti (124) e Sou feliz com Jesus (329).

HALLELUJAH! WHAT A SAVIOUR, (Aleluia! Que Salvador!), o nome da melodia, provém do título geralmente usado para o hino na sua língua original. A melodia é também chamada GETHSEMANE em alguns hinários.

Há muita dificuldade em traduzir hinos como este. Repleto de linhas curtas, cheias de palavras curtas de profundo significado, requer maestria na arte de tradução para o português, com suas palavras de muitas sílabas. Sobre sua magistral tradução deste hino, feita em 1984, a tradutora Joan Larie Sutton escreve:

O missionário Alvin Walker, então Diretor do Departamento de Música da Convenção de Goiás, pediu que eu traduzisse a cantata Pela manhã vem a alegria, e este hino é o final da cantata, que depois foi publicada pela JUERP.3

1. SANKEY, Ira D. My life and the story of the gospel hymns. Philadelphia, PA: P.W. Zeigler Co., 1906. p.164.

2. RUFFIN, Bernard. Fanny Crosby. Philadelphia: United Church Press, 1976. pp.112-113.

3. SUTTON, Joan Larie. Carta à autora em outubro de 1991.

Você pode gostar...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *