HCC 099 – Num berço de palhas

História

99. Num berço de palhas

Em muitos hinários do passado, este hino tem sido chamado Luther’s cradle hymn (O hino do berço de Lutero). Por quê? E por que não é chamado assim no Hinário para o culto cristão?

Há uma série de gravuras da família de Martinho Lutero, feitas por G.F.L. König, no início do séc.19. Num livro por T.B. Stork, chamado Luther at home (Lutero em casa) de 1855, uma das gravuras foi colocada como frontispício. A legenda do livro diz:

O Cântico de Natal, de Lutero, escrito para seu próprio filho, Hans, ainda é cantado”.1 

Esta frase, que não definiu qual o hino de Natal, foi citado no livro Dainty songs for lads and lasses (Cânticos mimosos para meninos e meninas) por James R. Murray em 1887, definindo o hino Num berço de palhas como Luther’s cradle hymn. Infelizmente, nenhum original deste hino pôde ser achado nos escritos de Lutero.

Pesquisas cuidadosas de Richard S. Hill revelam que as primeiras duas estrofes deste hino americano, provavelmente escritas por alguém no Estado de Pensilvânia, são de 1884-1885. O hino (com duas estrofes) foi publicado pela primeira vez numa coletânea, Little children’s book (Livro das criancinhas), autorizada pelo Concílio Geral das Igrejas Luteranas Evangélicas na América do Norte em 1885. Uma terceira estrofe apareceu anonimamente no hinário de Charles H. Gabriel, chamado Gabriel’s vineyard songs (Cânticos do vinhedo de Gabriel) publicado em 1892. Entretanto, o bispo William F. Anderson, da Igreja Metodista Episcopal, nos dá uma história sobre a terceira estrofe, atribuindo-a ao Dr. John T. McFarland, então secretário da Junta das Escolas Dominicais.

Quando eu era secretário da Junta de Educação (1904-1908), pedi [a McFarland] que escrevesse uma terceira estrofe. [Em resposta] foi ao seu escritório [pertinho] e dentro duma hora trouxe-me a estrofe começando: ‘Jesus, ao meu lado vem sempre ficar’. (…) Foi a primeira vez que foi publicada.2

John Thomas McFarland nasceu em Mount Vernon, Estado de Indiana, em 2 de janeiro de 1851. Fez seus estudos de graduação na Universidade Wesleyana de Iowa, vindo a formar-se pela Faculdade Simpson. Estudou teologia na Escola de Teologia da Universidade de Boston, Estado de Massachusetts. Depois de pastorear diversas igrejas em vários estados, tornou-se secretário da União das Escolas Dominicais e, em 1904, redator da literatura para as Escolas Dominicais da Igreja Metodista Episcopal. Sua contribuição mais marcante foi colocar o plano de Graded lessons (planejamento de lições da EBD de acordo com as faixas etárias dos alunos) diante das Escolas Bíblicas Dominicais do mundo inteiro. Foi criticado por esta inovação, mas a Conferência Geral da sua denominação deu-lhe um voto de confiança

“que um primeiro ministro de qualquer grande nação poderia invejar”.3 

O uso universal deste sistema de ensino nas Escolas Bíblicas Dominicais hoje demonstra o valor da sua contribuição. Antes da sua morte súbita no seu lar em Mapelwood, Estado de Nova Jersey, em 22 de dezembro de 1913, a McFarland foi conferido o Doutorado em Letras (honoris causa).

Joan Larie Sutton, falando da tradução deste singelo hino, conta:

No final do trabalho da Comissão do HCC, não podíamos chegar a uma decisão sobre qual das várias traduções já existentes deste hino usaríamos. Nenhuma das traduções satisfazia, especialmente em simplicidade. Decidi tentar uma tradução, e ela foi escolhida.4 

(Ver dados desta habilidosa tradutora no HCC 25).

A métrica deste hino é 11.11.11.11., como corrigido nas edições mais recentes do Hinário para o culto cristão. 5

O nome da melodia MUELLER também vem da idéia infundada de que a melodia fosse composta por um homem chamado Carl Mueller. O fato das palavras “música por J.R.M.” aparecerem com o hino na coletânea Royal praise for the Sunday School (Louvor real para a Escola Dominical) em 1892 fazem-nos atribuir a melodia ao compilador do hinário, James Ramsey Murray.

James Ramsey Murray (1841-1905) nasceu de ascendência escocesa em Andover, Estado de Massachusetts, EUA. Estudou com Lowell Mason, George Root, William Bradbury e outros no Instituto de Música de North Reading, daquele Estado. Mais tarde, trabalhou na firma Root & Cady em Chicago, Estado de Illinois, como editor duma revista mensal de música. Quando o grande incêndio de Chicago destruiu aquela firma, voltou para Andover e ensinou música por alguns anos. Associou-se à Companhia John Church (uma publicadora evangélica) em 1881, chefiando o departamento de publicações e redigindo sua revista mensal. Murray compôs um grande número de hinos para Escolas Dominicais, gospel hymns (ver HCC 112) e peças corais. Editou numerosas coletâneas desses mesmos estilos de hinos e antemas. Seu último projeto foi uma edição das óperas do proeminente compositor, Richard Wagner, para a qual fez uma tradução para o inglês.

1. GEALY, Fred D., LOVELACE, Austin C. e YOUNG, Carlton R. Companion to the hymnal, A handbook to the United Methodist Book of Hymns. Nashville, TN: Abingdon Press, 1985. p.108.

2. ANDERSON, William F. Em: MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody, 2ª ed. Nashville, TN: Abingdon Press, 1937. p.436.

3. MCCUTCHAN. Ibid.

4. SUTTON, Joan Larie. Carta à autora em outubro de 1991.

5. Dados atualizados por Leila Gusmão, supervisora do HCC Digital em 4 de abril de 2005.

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