HCC 098 – Pequena vila de Belém

História

98. Pequena vila de Belém

Phillips Brooks, um dos mais eloqüentes pregadores da sua época, depois duma viagem à Terra Santa e da oportunidade de assistir um culto natalino na “Pequena Vila de Belém”, escreveu este muito apreciado texto para as crianças da sua igreja. Falando daquela marcante experiência, Brooks relatou:

Lembro-me especialmente na véspera de Natal, quando estava em pé na antiga catedral em Belém, perto do lugar onde Jesus nasceu, enquanto a igreja inteira estava ressoando, hora após hora, com os hinos esplêndidos de louvor a Deus. Vez após vez parecia-me poder ouvir vozes que eu conhecia muito bem cantando umas às outras da “noite maravilhosa” do nascimento do Salvador, como [de fato] ouvira o ano anterior.1 

A impressão daquela noite ficou no coração deste ilustre pregador, e a música continuou a soar no seu coração. Ao escrever este hino, dois anos mais tarde, Brooks conseguiu incorporar, além da descrição daquela noite, “o sentido espiritual daquilo que viu alí”.2

O pr. Brooks pediu a Lewis Henry Redner, organista e superintendente da Escola Dominical da sua igreja, que compusesse a melodia. Embora se aplicasse ao trabalho, Redner viu passar a semana inteira sem conseguir escrever uma música adequada. E a véspera do Natal chegou sem que sequer a melodia estivesse esboçada. Alta noite, porém, Redner acordou com uma melodia angelical soando-lhe aos ouvidos. Levantou-se com presteza e anotou-a; harmonizou-a pela manhã, terminando o trabalho a tempo para que as crianças a cantassem na manhã de Natal, de 1868. Redner sempre dizia que essa música foi um presente do céu.3 

Originalmente com cinco estrofes, foi publicado em folhas avulsas. William R. Huntington publicou-o na sua coletânea para Escolas Dominicais em 1874 e seu uso se difundiu pelo mundo inteiro.

O autor, Phillips Brooks, nasceu em Boston, Estado de Massachusetts, EUA, em 13 de dezembro de 1835. Bacharelou-se pela célebre Universidade Harvard e formou-se em teologia no Seminário Teológico de Virginia (Episcopal) em 1859. Ordenado para o ministério, pastoreou igrejas em Massachusetts e Virginia. Aceitando o pastorado de Trinity Church, Boston, em 1869, lá serviu por 22 memoráveis anos. Amava muito os hinos, decorando-os e citando-os muitas vezes nos seus sermões, muitos volumes dos quais foram publicados, e são estudados até hoje. Brooks escreveu outros hinos, mas será lembrado por este. Não era poeta; era pregador.

Em 1855 Brooks recebeu o grau de Doutor em Divindade (honoris causa) pela Universidade de Oxford, de Londres, na Inglaterra. O Dr. Brooks nunca se casou, mas demonstrava tão bem o seu amor pelas crianças, que quando ele morreu em 1893, uma criancinha exclamou: “Oh, mamãe, quão felizes serão os anjos!”4

McCutchan, descrevendo Brooks no seu livro Our hymnody, lamenta:

A posteridade nunca verá a sua forma de príncipe, de 2 metros de altura; nem seu rosto majestoso que combinava os traços do pensador com doçura (…) impressionando primeiro como gigante, mas, tão cheio de luz que parecia radiante como um anjo.5

Esta autora teve o privilégio de visitar a famosa igreja deste “príncipe”, e viu, na frente da igreja, a imponente estátua de Brooks, o seu mais conhecido pastor e pregador. Abaixo dos seus pés havia esta inscrição: “Dr. Phillips Brooks: Ele pregou a Palavra”. Oxalá que todo o pastor e pregador pudesse ser relembrado com tal inscrição!

Lewis Henry Redner (1830-1908), o compositor da música para Pequena vila de Belém, foi um importante corretor de imóveis em sua cidade natal, Filadélfia, Estado de Pensilvânia, EUA. Nascido em 15 de dezembro de 1830, Redner também veio a interessar-se pela música, tornando-se organista e diretor do coro. Foi organista de quatro igrejas, entre elas a de Holy Trinity, onde exerceu um ministério notável ao lado de Phillips Brooks, autor da letra deste hino.

Não se sabe com certeza como a melodia veio a ser chamada ST. LOUIS, mas uma história diz que foi o próprio Brooks que escolheu este nome, notando que era um pouco parecido com o primeiro nome do compositor.

Redner nunca se casou, morando com sua irmã, sra. Sarah H. Sagers. Depois de uma doença de três dias, Redner faleceu em 29 de agosto de 1908, em Atlantic City, Estado de Nova Jersey.

O rev. Salomão Ferraz (1880-1969) traduziu este hino em 1930. Bispo da Igreja Católica Livre do Brasil, Ferraz foi também escritor, poeta e teólogo. Treze das suas traduções e adaptações apareceram no hinário Aleluias, publicado em 1931. O rev. Ferraz fez parte da comissão que preparou esse hinário. Conseqüentemente, algumas das suas traduções foram aproveitadas por outros hinários brasileiros, inclusive pelo Cantor cristão.

1. PRICE, Carl F. One hundred and one hymn stories. Nashville, TN: Abingdon Press, 1966. p.16.

2. Ibid.

3. BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Cânticos do Natal, 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira S.A. 1954. p.104.

4. MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody, 2ª ed. Nashville: Abingdon Press, 1937. p.134.

5. Ibid.

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