HCC 097 – Anjos das mansões de glória

História

97. Anjos das mansões de glória

Este hino, intitulado Nativity (Natividade), um dos hinos mais apreciados de James Montgomery, apareceu pela primeira vez no seu jornal Sheffield iris (Íris de Sheffield), em 24 de dezembro, de 1816. Montgomery modificou-o em algumas frases, dando o novo título, em 1825, para o seu hinário Christian psalmist (Salmista cristão). Esta forma tem perdurado, tornando-se um favorito mundial. A última estrofe geralmente é omitida.

James Montgomery, filho de missionários moravianos, nasceu em 4 de novembro de 1771, em Irvine, condado de Ayrshire, Escócia. Logo foi levado pelos pais a Gracehill, um assentamento dos moravianos no condado de Antrim, Irlanda do Norte. Os pais foram às ilhas Barbados, onde morreram como missionários. Montgomery estudou no Seminário Fulneck, no condado de Yorkshire, mas era melhor poeta do que estudante. Negada a oportunidade de entrar no ministério, se empregou no comércio; mas, muito insatisfeito com isso, achou seu lugar certo numa publicadora em Sheffield, no centro da Inglaterra. Quando o proprietário teve de fugir para não ser preso por causa dos seus editoriais, deixou tudo nas mãos de Montgomery. Mudando o nome do jornal, Montgomery ficou como redator por 31 anos.

Humanitário e defensor da abolição da escravatura, foi preso duas vezes, pois os tempos eram difíceis para a expressão de idéias. Deu forte apoio a missões e à Sociedade Bíblica Britânica. Apoiou Thomas Cotterill na luta pelo canto de hinos na Igreja Anglicana (antes, somente os salmos eram cantados nos cultos). Poeta incansável desde a sua juventude, Montgomery começou a se dedicar aos hinos. Ao todo, escreveu 400. Publicou-os em alguns dos seus hinários. O ilustre hinólogo Julian o considerou no nível de Wesley, Watts, Doddridge, Newton e Cowper. Apreciou-o como homem e como poeta e falou nele com raras palavras de louvor:

Os segredos do seu poder como escritor de hinos foram múltiplos. Seu gênio poético era de alto gabarito, mais alto do que a maior parte que permanecem com ele no primeiro escalão dos poetas cristãos. Seu ouvido para ritmo era perfeitamente exato e refinado. Seu conhecimento das Escrituras era por demais extensivo. Suas convicções religiosas foram abrangentes e teve muita tolerância para com as convicções dos outros. Seu espírito devocional era do tipo mais santificado. Com a fé de um homem forte, uniu a beleza e a simplicidade de uma criança. Ricamente poético sem exuberância, dogmático com caridade, tenro sem sentimentalismo, esmerado sem verbosidade, ricamente musical sem aparente esforço, [Montgomery] legou à Igreja de Cristo riqueza que somente poderia fluir de um verdadeiro gênio e um coração santificado.1

Ao morrer em Sheffield, em 30 de abril de 1854, Montgomery era um herói da comunidade. Levantaram um monumento a ele e colocaram um vitral na igreja local em sua memória. A capela Wesleyana e um prédio público levaram seu nome. Os seus hinos continuam a ser cantados ao redor do mundo. O Hinário para o culto cristão inclui, além deste, três dos seus hinos que preenchem lacunas específicas nos números 121, 518, e 524.

O maestro João Wilson Faustini traduziu este hino em 1969 para o hinário bilíngüe Seja louvado, publicado em São Paulo em 1972. (Ver dados deste destacado hinista-compositor no HCC 13).

O compositor de renome, Henry Thomas Smart, um dos maiores organistas da sua época, nasceu em Londres, em 26 de outubro de 1813. Estudou direito em Highgate, mas abandonou este estudo para dedicar-se à música, em que foi autodidata, na maior parte do tempo. Foi organista em várias das maiores igrejas de Londres. Teve sérios problemas na vista, tornando-se totalmente cego em 1865, mas continuou a tocar e escrever até a sua morte em 1879.

Smart compôs hinos, canções, antemas, cantatas, cultos cantados, e música para órgão. Suas óperas tiveram notável sucesso. Publicou alguns hinários de importância e foi editor musical de outros. Grande conhecedor do órgão, foi muito consultado para instalações de novos instrumentos, tanto na Inglaterra como na Escócia.

Com toda esta folha de serviço, Smart talvez será mais lembrado pela melodia REGENT SQUARE, que compôs para um hino de Horatio Bonar, para o hinárioPsalms and hymns for divine worship (Salmos e hinos para o culto divino), em 1867. O nome da melodia homenageia a Igreja Presbiteriana Regent Square, igreja da qual o editor desta coletânea era pastor. Uma das melodias mais universais, REGENT SQUARE é usada com mensagens de todos os tipos em todos as línguas, inclusive em todos os hinários evangélicos no Brasil.

O Hinário para o culto cristão inclui outra linda melodia de Smart no número 431.

1. JULIAN, John, ed. A dictionary of hymnology, Dover Edition. New York: Dover Publications, Inc., 1957. p.764.

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