HCC 092 – O canto angelical
História
92. O canto angelical
Este é um dos primeiros hinos de Natal do tipo “carol”1 escrito na América do Norte. O pastor Edmund Hamilton Sears escreveu-o em 1849 quando as nuvens da guerra civil nos Estados Unidos estavam se formando. A mensagem divinal dos anjos dizia: “Aos homens paz”, anunciando que vinha chegando o “Príncipe da paz” (Isaías 9.6), a única fonte de paz num mundo pecador. Sua mensagem, muito importante para os dias pré-guerra civil, é igualmente confortadora para o mundo de hoje, “um mundo das tribulações da luta terreal”. Como os anjos indicaram, esta mensagem é motivo para dar “glória a Deus”.
O hino também nos fala da segunda vinda de Cristo, quando a paz reinará no mundo inteiro: “Do aumento do seu governo e da paz não haverá fim” (Isaías 9.7):
Enquanto aqui na terra estão
os dias a passar,
os povos vivem sem amor,
num mundo a guerrear.
Mas quando, enfim, reinar a paz,
em glória triunfal,
dos salvos todos se ouvirá
o canto angelical.
Richard J. Stanislaw, na Edição para o líder do culto, do hinário The worshiping church (A igreja em adoração), sugere:
A familiaridade é um possível impedimento (de atenção e aplicação) para este carol. Esta familiaridade poderá ser superada se convidarmos a congregação a considerar o anúncio angelical e a responsabilidade a ele relacionada. A igreja de hoje deve trazer de volta o cântico que os anjos cantaram no Natal, às favelas e ao mundo falido.2
O periódico Christian register (Registro cristão) publicou o hino de Sears em 29 de dezembro de 1849, com 5 estrofes de 8 linhas cada. Dali o seu uso se divulgou ao redor do mundo. Embora envolvido no movimento unitariano, Sears testemunhou: “creio e prego a divindade de Cristo”.3
Edmund Hamilton Sears nasceu em 6 de abril de 1810, em Sandisfield, Estado de Massachusetts, EUA. Bacharelou-se na Faculdade Union em Schenectady, Nova Iorque, e em Teologia na Escola de Divindade Harvard. Ordenado ao ministério, pastoreou diversas igrejas do seu Estado natal. Publicador e escritor, co-editou a Monthly religious magazine (Revista religiosa mensal). Os seus livros religiosos, inclusive Sermons and songs of the christian life (Sermões e cânticos da vida cristã – 1875), revelam a profundidade da sua vida espiritual.
Alguns membros da Comissão do Hinário para o culto cristão lembram de uma linda noite no Rio de Janeiro, quase passada em claro, em que trabalharam para traduzir este hino de Natal da melhor maneira. Conseguiram unir lealdade ao autor à linguagem clara, que flui com liberdade: realização feliz e não muito comum (Ver dados da Comissão no HCC 4).
CAROL, a melodia deste hino, é o arranjo do 23º estudo na coletânea Church chorals and choir studies (Corais sacros e estudos corais) de Richard Storrs Willis (1850). Willis era, naquele tempo, membro do conselho paroquial da Igreja da Transfiguração, em Nova Iorque (Ver dados biográficos de Willis no HCC 63).
1. Henriqueta Braga, no seu livro Cânticos do Natal, escreveu uma ótima descrição e definição de carols: “Data do início da era cristã o costume de comemorar o nascimento de Cristo com hinos da circunstância. (…) Tal prática fez surgir. Com o passar dos séculos, abundante produção de cantos natalinos, quase sempre anônimos, que recebiam o nome genérico de Noëls, Christmas carols ou Weihnachtslieder, conforme florescessem na França, Inglaterra ou Alemanha. O acervo por eles constituído é vastíssimo, valendo, principalmente, por ser o fiel repositório do sentir popular (….) Cânticos originais têm sido produzidos em diferentes épocas e países, versando, tanto os eruditos quanto os populares, ora sobre a mensagem dos anjos aos pastores nas campinas de Belém, ora sobre a adoração destes ou dos magos.” (BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes, comp. e anot., Cânticos do Natal. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira S.A., 1947. p.43.
2. STANISLAW, Richard J. Em: The worshiping church: a hymnal, worship leader’s edition. Carol Stream, IL: Hope Publishing Company, 1990. n.170.
3. SEARS, Edmund Hamilton. Em: REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal, Nashville, TN: Broadman Press, 1976. p.423.