HCC 062 – Jesus, sempre te amo

História

62. Jesus, sempre te amo

ESTA COMOVENTE letra de William Ralph Featherstone, escrita aos seus dezesseis anos em 1862 (possivelmente ao converter-se), traça a íntima ligação entre amar e submeter-se a Cristo, nosso Mestre, Senhor e Rei.

Featherstone enviou a letra para sua tia, que achou por bem recomendá-la para publicação. Foi publicada em The London hymn book (O hinário de Londres) em 1864 e em mais oito coletâneas antes de aparecer com a melodia de Adoniram J. Gordon. Mas é esta melodia, com que está associada hoje, que fez o hino aparecer em hinários pelo mundo afora.

Da vida de William Ralph (ou Rolf) Featherstone sabemos pouco. Nascido em Montreal, no Canadá em 23 de julho de 1846, num lar cristão, foi membro duma Igreja Metodista Wesleyana. Aparentemente continuou em Montreal durante toda a sua vida, vindo a falecer em 20 de maio de 1873.

Ira D. Sankey, na sua autobiografia, My life story and the story of the gospel hymns (A história da minha vida e dos gospel hymns) (ver HCC 112), conta a história de uma atriz que,

depois da sua conversão, contou a seu pai, líder do seu grupo teatral, da sua convicção de que deveria mudar de profissão. Este, preocupado com a falta de sustento, procurou convencê-la do contrário. Porque amava muito a seu pai, a moça prometeu ao menos comparecer a um compromisso que havia aceito. Na noite do espetáculo, a cortina subiu, e a atriz, sozinha no palco, recebeu os aplausos da multidão; mas, para a surpresa de todos, em voz firme, o rosto brilhando, ela recitou:

Jesus, sempre te amo porque sei que és meu;

feliz, eu te rendo louvor que é só teu.

Meu Mestre divino, Senhor e meu Rei,

a ti, ó meu Cristo, me submeterei.

Completou as estrofes deste hino em meio ao silêncio da platéia. Ao final, a atriz se retirou, e nunca mais voltou à profissão.1

Uma das razões deste hino ser predileto de muitos batistas no Brasil é a excelente tradução feita por Salomão Luiz Ginsburg. Certamente este dedicado missionário expressava nesta tradução o seu próprio amor por Cristo (Ver dados biográficos de Ginsburg no HCC 29).

Adoniram Judson Gordon (1836-1895), cujo nome foi dado em homenagem ao missionário pioneiro batista na Índia e Birmânia, compôs a melodia que recebeu o seu nome, GORDON, para o texto de Featherstone. Apareceu pela primeira vez no hinário que Gordon compilou em parceria com S.L. Caldwell, The service of song for Baptist churches (Cânticos para cultos das igrejas Batistas), em 1876.

Adoniram Gordon teve uma vida que demonstrou seu amor verdadeiro por Cristo. Bacharelando-se pela Universidade Brown, Estado de Rhode Island, EUA, estudou teologia no Seminário Teológico Newton (hoje Andover-Newton), em Massachusetts. Ordenado ao ministério batista em 1863, serviu em igrejas do mesmo estado. Foi notável como pastor da Igreja Batista Clarendon Street, em Boston, pastorado que ocupou durante vinte e cinco anos.

O encontro de Gordon com o evangelista, D.L. Moody, em 1877, transformou a sua vida. Com nova vitalidade espiritual, tornou-se gigante no campo de missões mundiais. Sua igreja repetidamente ultrapassou-se nas suas ofertas para missões.

Na Conferência Centenária de Missões Anglo-Americanas, na Inglaterra, Gordon ganhou “reputação internacional como apologista para o emprendimento missionário”.2 Fez uma conferência missionária em Edimburo, na Escócia, com A.T. Pierson, outro ilustre lider internacional em missões. Lograram inédito sucesso levantando verbas e grande numero de voluntários entre os jovens escoceses.

De volta à sua terra, foi eleito relator da Comissão Executiva da União Missionária Batista Americana. Sob sua liderança, a missão cresceu notavelmente, especialmente na Africa. Também tornou-se mentor do Movimento de Estudantes Voluntários, cujo lema era A evangelização do mundo nesta geração.3 Sua declaração, “Nossa tarefa não é trazer todo mundo a Cristo, mas indiscutivelmente é levar Cristo a todo o mundo”,4 continua a ser o âmago da nossa visão até hoje.

“Se Gordon foi gigante no campo de missões, foi um verdadeiro pioneiro em educação teológica de homens e mulheres leigos”.5 

Por causa do seu compromisso missionário legendário, fundou a Escola Boston de Treinamento Missionário. Liderou na aceitação de mulheres entre as fileiras missionárias, convicto dos seus dons e capacidades e de que o “ide” de Jesus incluía a elas. Seu exemplo inspirou lideres por todo o mundo a levantarem semelhantes escolas de treinamento. A Faculdade e o Seminário Gordon-Conwell em South Hamilton, também em Massachusetts, sucessores da notável escola de Gordon, hoje levam o nome deste grande servo de Deus.

Gordon foi um dos redatores de dois hinários batistas, redator da revista mensal The watchword (A divisa) e autor duma série de livros devocionais chamada Quiet talks (Palestras devocionais). A Universidade Brown lhe conferiu o grau de Doutor em Divindade (honoris causa) em 1873.

Em 2 de fevereiro de 1895, em Boston, Adoniram Judson Gordon fechou os seus olhos. Foi muito digno do seu nome. O primeiro Adoniram teria tido orgulho dele.

1. Anônimo, (Bispo da Igreja Metodista Episcopal do Estado de Michigan). Em: SANKEY, Ira D. My life, and the story of the gospel hymns. Philadelphia P.W: Zeigler Co. 1906, pp. 224-225.

2. ROBERT, Dana L. Em: ROSELL, Garth M., ed. The vision continues. South Hamilton, Massachusetts: Gordon Conwell Theological Seminary, 1992, p 6.

3. Op. cit., p. 6.

4. COOLEY, Robert E. Em: ROSELL, ed. Ibid., Introdução, p.ii.

5. Ibid.

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