Caminha, em majestade vai!
Caminha, em Majestade Vai! – (Ride On!Ride On! In Majesty!)
Letra: Rev. Henry Hart Milman (1791-1868), 1827
Tradução: J. Costa, 1969
Músicas: 1.ªGERMANY, de “Sacreds Melodies”, 1815 de William Gardiner
2.ª ST. DROSTANE, de Rev. John B. Dykes (1823-1876), 1862
3.ª PREGAÇÃO, de Marcio Roberto Lisbôa, 2001
Texto do Rev. Henry H. Milman, escrito em 1827. Milman nasceu em Londres em 1791 e faleceu em Sunninghill, Inglaterra, em 1868. Frequentou a Universidade de Oxford, onde recebeu diversos prêmios de Literatura Inglesa e Latina, e tornou-se professor nessa Universidade. Sua obra The Bramptom Letters, em 1827, marcou sua transição para o estudo da Teologia. Milman ocupou diversos cargos de liderança eclesiástica nas Igrejas de Westminster, St. Margaret e St. Paul. Muitos de seus hinos foram publicados entre 1827 e 1837.
Sobre a música encontrada no Hinário Novo Cântico, a melodia chama-se GERMANY, encontrada na coleção “Sacred Melodies”, 1815 de William Gardiner (1770-1853).
Quanto à música encontrada no Hinário “Cantai Todos os Povos”, da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, sabemos que durante algum ensaio no 14.º Seminário da SOEMUS (Sociedade Evangélica de Música Sacra), o maestro João Wilson Faustini, quando estava ensaiando o hino “Clamando em alta voz, João”, comentou sobre a pouca produção de hinos brasileiros e que seria interessante se alguém compusesse uma música nova para aquela letra. Foi aí que o jovem Marcio Roberto Lisboa criou duas melodias e enviou ao maestro, quem no ano seguinte publicou na coleção “Oito Hinos e Antemas” (2002), a melodia CLAMOR com a letra de “Caminha, em Majestade Vai”.
Acerca da tradução, o Reverendo Presbiteriano João Wilson Faustini nos conta: “Essa tradução foi feita para ser usada no domingo de Ramos. O texto em inglês é muito conhecido e cantado sempre nessa época do ano com outras melodias, e foi publicada primeiramente na Coletânea “Os Céus Proclamam (1970)”, e posteriormente no Hinário Seja Louvado em 1972″.
Comentário de Eduardo Chaves
Os hinos evangélicos não raro são verdadeiros sermões… sermões curtos, que, metrificados e melodiados, falam diretamente à alma, pois acrescentam ao conteúdo da mensagem a força expressiva da poesia e o poder de emocionar tão especial da música. O hino “Caminha, em Majestade Vai!”é exemplo disso.
O conteúdo do hino é uma condensação poderosa do essencial contido nos textos dos Evangelhos que descrevem a última semana da vida de Jesus aqui na terra,começando com sua entrada (dita triunfal) em Jerusalém (vide Mateus 21:1 a 28:20, Marcos 11:1 a 16:20, Lucas 19:28 a 24:53, e João 12:12 a21:25).
O poeta não era uma pessoa qualquer. Henry Hart Milman era professor de História da Igreja e da Teologia na Universidade de Oxford durante boa parte do século 19. Em um de seus importantes livros (História do Cristianismo Latino-Ocidental, em nove volumes) ele afirma, em linguagem acadêmica, aquilo que seu hino, mais do que dizer, expressa. Eis o que ele diz:
“Nenhuma revolução religiosa jamais foi bem sucedida quando iniciada pelo poder de um governo. Só foram bem sucedidas as que, começando nos estratos médio e baixo da sociedade, conseguiram despertar sentimento de simpatia na população, porque preenchiam uma necessidade religiosa sentida, mexiam com energias que pareciam adormecidas, e sacudiam a força inerte da fé estabelecida e sedimentada através de uma emoção contrária mais forte” (vol. ii).
Os poderes estabelecidos da época de Jesus, tanto os poderes políticos como os religiosos, não viam majestade na pessoa de Jesus que adentrava a cidade em cima de um jumento emprestado. Tentaram ser irônicos quando pregaram uma placa em cima de sua cruz, informando ali estar “Jesus Nazareno, Rei dos Judeus”, morrendo da forma mais vil existente naquela época.
O hino joga com o paradoxo da morte na cruz do Rei dos Reis, que Paulo descreveu como “loucura” e “ofensa” ou “escândalo” para a sabedoria humana (I Coríntios 1:18,23). O paradoxo está em um Messias rejeitado por seu próprio povo, de um Rei condenado à morte mais infamante pelos poderes políticos e religiosos de plantão. O hino mostra que pode haver poder num Messias que caminha para a morte montado num jumento, que pode haver majestade num Rei crucificado – porque a sabedoria do Deus Onisciente não se confunde com a sabedoria dos homens(I Coríntios 1:19,24-25), e, a despeito detodo o seu poder, o Todo Poderoso pode optar por se revelar escondido num mestre carpinteiro. Lutero captou muito bem esse paradoxo ao contrastar a “Teologia da Cruz” com a “Teologia da Glória”, e ao chamar a nossa atenção para o Deus Absconditus, isto é, o fato de que Deus, às vezes, se esconde em vez de se revelar, ou melhor, se revela no próprio processo de esconder-se da visão e da compreensão humana.Em resumo: sem a cruz, não há a glória, sem a justiça da punição infame do pecado não há a graça do perdão concedido, sem a humilhaçãoprévia não é possível revelar a Majestade.
“Caminha, em Majestade vai!” O povo que cantava Hosanas acreditava que a entrada de Jesus em Jerusalém era de fato uma “entrada triunfal”, com toda a Majestade, do Messias que vinha libertar o seu povo. Não imaginava que a entrada era parte da caminhada de Jesus para sua morte infamante na cruz.
“Caminha, em Majestade vai!” O povo que colocava ramos no caminho de Jesus acreditava que ali estava o seu Rei, o Filho de Davi”. Não imaginava que, escondido nele, estava um servo que deveria sofrer para vencer o pecado, que precisaria morrer de modo vil para que todos pudessem ter vida.
“Caminha, em Majestade vai!” Apenas os anjos no céu sabiam, e, mesmo assim, somente até certo ponto, qual seria o resultado da entrada de Jesus em Jerusalém, pois viam, “com triste olhar, o sacrifício despontar”.
“Caminha, em Majestade vai!” Nem os anjos no céu conseguiam imaginar que a morte humilhante na cruz era o preço a pagar pela vitória final.
“Caminha, em Majestade vai!” O hino mostra, de forma contundente, que os dizeres da placa colocada na cruz de Jesus não eram irônicos, apesar de tudo.
[* Eduardo Chaves é Bacharel (1967) e Mestre (1970) em Teologia pelo Pittsburgh Theological Seminary, e Doutor em Filosofia (1972) pela University of Pittsburgh, ambas as instituições em Pittsburgh, PA, EUA. Ele foi Professor de Filosofia da Universidade Estadual de Campinas de 1974 a 2006 e é, desde 2014, Professor de História da Igreja e do Pensamento Cristão na Faculdade de Teologia de São Paulo da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (FATIPI), em São Paulo, SP. Reside em Salto, SP. ]
Caminha, em majestade vai! (Ride on! Ride on majesty!)
Letra: Rev. Henry Hart Milman (1791-1868), 1827
Tradução: J. Costa, 1969
Músicas: 1.ªGERMANY, de “Sacreds Melodies”, 1815 de William Gardiner
2.ª ST. DROSTANE, de Rev. John B. Dykes (1823-1876), 1862
3.ª PREGAÇÃO, de Marcio Roberto Lisbôa, 2001
1. Caminha, em majestade vai!
Ao som de Hosana e exaltação;
Por entre palmas, para a cruz;
Prossegue a estrada o bom Jesus.
2. Caminha, em majestade vai!
Em pompa segue para a cruz,
Ele o pecado vencerá
E a morte atroz abaterá.
3. Caminha, em majestade vai!
As hostes de anjos pelo céu
Ao longe vêem com triste olhar
O sacrifício despontar.
4. Caminha, em majestade vai!
Em pompa segue para a cruz;
Se abate a fronte humilde a dor,
Depois triunfa o vencedor!
Caminha, em majestade vai! (Ride on! Ride onmajesty!)
Letra: Henry Hart Milman (1791-1868)
Data da letra:1827
Tradução:J. Costa (1931)
Data da tradução:1969
Métrica: 8.8.8.8.
Músicas:
1.ªGERMANY, de “Sacreds Melodies”, 1815 de William Gardiner
2.ª ST. DROSTANE, de Rev. John B. Dykes (1823-1876), 1862
3.ª PREGAÇÃO, de Marcio Roberto Lisbôa, 2001
Data da composição:1815
Título original: “Ride on! Ride on majesty!”
Título original em Português: Caminha, em majestade vai!
Nome das melodias:
1.ª GERMANY
2.ª PREGAÇÃO
Primeira linha da primeira estrofe: Caminha, em majestade vai!
Fonte original: “Sacreds Melodies”
Fontes originais em Português: Os Céus Proclamam, 1970 (N.º 4) /Seja Louvado, 1972 (N.º 108)
Referências Bíblicas:Mateus 21.1 a 28.20, Marcos 11.1 a 16.20, Lucas 19.28 a 24.53 e João 12.12 a 21:25
Gostei muito dos comentários. Vale a pena conhecer a Hinologia Cristã.