Jarib Feitosa (1914-2008)
Jarib Alves Feitosa (1914-2008)
Biografia por Bill Ichter
Ele sabe trabalhar
A Cruzada Evangelística de Billy Graham – Grande Rio, nos incentivou a destacar a vida de um grande servo de Deus. Com ele na sua comissão qualquer relator ficaria feliz e viveria mais tranquilo, pois ele soube trabalhar.
Mas saber trabalhar não foi a única e nem sua principal virtude. Jarib Alves Feitosa foi um jogador de equipe. Ele não se preocupava com promoção pessoal e não era sensitivo demais. Ele se preocupava sim em cumprir a sua missão e sempre esteve disposto a fazer qualquer sacrifício pessoal para que o objetivo fosse alcançado. Sua preocupação era só agradar a Deus.
Digo que trabalhar junto com Jarib Feitosa numa comissão foi um privilégio e um prazer.
Nascido em Engenho de Dentro no dia 9 de novembro de 1914. Jarib foi filho de carioca casada com macaense.
Leopoldo Alves Feitosa, o pai de Jarib, foi por muitos anos funcionário da Estrada de Ferro Central do Brasil. Somente converteu-se depois de casado. Mas sua conversão foi genuína e marcante. Tornou-se um fervoroso pregador leigo e nunca perdia uma oportunidade de pregar. Ele tinha muita queda para a música e escreveu vários hinos, alguns dos quais ainda são cantados pelo Coro da Igreja Batista do Méier.
Gabriela de Araújo Feitosa, de saudosa memória, foi um exemplo de mãe cristã. Foi durante 38 anos (se não me falha a memória) uma das baluartes da Igreja Batista do Méier. Fazia tudo para criar um lar verdadeiramente cristão. Aos domingos, quando a família toda se reunia, a mãe tocava harmônio, enquanto os demais cantavam. Às vezes tocava harmônio no ar-livre, quando o marido pregava. Foi ela que deu amo menino Jarib o seu primeiro instrumento musical – uma flauta de 6 furos. Era o início duma vida que sempre esteve intimamente ligada com a igreja e com a música da igreja. O menino Jarib estudou na Escola Primária Ennes de Souza, escola que hoje traz o nome de Isabel Mendonça, sua ex-diretora.
Quando se formou no Ginásio Souza Marques, Jarib estudou Pintura (desenho figurado e modelo vivo) na Escola de Belas Artes no Rio. Ele foi desenhista profissional desde 1937 e serviu no INPS como desenhista por mais de 30 anos.
Casou-se com a irmã Duardelina Mattos Feitosa, o casal teve duas filhas. Uma morreu com um ano de idade e a outra Leuzi Matos Feitosa Perruci, casou-se, e deu a Jarib e Duardelina a sua única neta.
Os 5 irmãos de Jarib, com uma exceção, foram muito ativos nos trabalhos da Igreja: Jogli foi pastor e redator do jornal O BATISTA SUBURBANO; Júnia casou-se com o Pastor Gladstone Paixão, operoso obreiro da Igreja Batista de Macuco; Jenny, serviu como regente do coro da Igreja Batista de Engenho Novo; Jizar, além de ser corista da Igreja Batista do Méier, já serviu à mesma como secretária; só a Julci não tomava parte ativa nos trabalhos da igreja.
Jarib foi um trabalhador na igreja e mui especialmente no setor da música. Antigo membro da I.B. do Rocha, Jarib serviu já durante dois períodos como regente do Coro da Igreja Batista do Méier (14 anos a primeira vez e 8 a segunda). Foi por mais de 20 anos regente do coro da Igreja Presbiteriana de Inhaúma.
Por muitos anos ele era o encarregado da parte devocional nas Convenções anuais dos batistas da Guanabara.
Em 1936 ele dirigiu um coral de 100 vozes do Instituto Orfeônico Evangélico. Durante a Aliança Batista Mundial de 1960 foi ele um dos regentes do coral de 3.000 vozes.
Mas quando a gente fala em Jarib Feitosa, muitos pensam na Banda Batista que foi organizada e foi dirigida por ele durante os 13 anos de sua existência.
Quando os preparativos estavam sendo feitos visando o 10.º Congresso da Aliança Batista Mundial, muito se falou num coral de 3.000 vozes. Mas Jarib pensou , (aliás, nas palavras dele: “Deus me deu a ideia, não fui eu”): “Se antes de cada reunião uma orquestra ou banda tocasse, pessoas de muitas nações ouviriam”. Formar uma orquestra foi difícil, mas a ideia da banda vingou. O seu início era inauspicioso. Na primeira reunião da Igreja Batista do Méier só apareceram 3 músicos. Mas este número multiplicou-se e a Banda da Aliança, reunindo músicos do Rio, Estado do Rio e São Paulo contou com 100 figuras e foi uma grata surpresa durante as reuniões da Aliança.
Depois da Aliança, a Banda Batista se organizou primeiramente com elementos da GB e Estado do Rio. Teve umas 30 figuras. Depois formou-se o núcleo da GB, e hoje a Banda Batista tem 36 membros e realizava ensaios toda 2.ª feira na 4.ª Igreja Batista. A sua influência na vida instrumental de muitas igrejas foi evidente. Foi gostoso ouvi-la tocando e vê-la marchando durante as grandes reuniões da Campanha Nacional de Evangelização e nas Cruzadas das Américas. Quando pensamos na Banda Batista, pensamos em Jarib Feitosa. E também, com a Cruzada Evangelística Billy Graham-Grande Rio, Jarib teve uma atuação bem destacada. Foi ele o Vice-Relator da Comissão de Música, Relator da Subcomissão Coral, Coordenador coral duma região de grande população evangélica e um dos ensaiadores do Grande Coral.
Mas Jarib se destacou com a sua maneira simples e humilde de trabalhar. A sua dedicação à obra se tornou muito evidente na semana que antecedeu a Cruzada. A sua velha mãe adoeceu bastante e foi internada no Hospital Evangélico, onde foi submetida a uma intervenção cirúrgica. Ela gostava de música e foi uma das suas maiores incentivadoras na Igreja. Quando fomos informados da sua enfermidade, dissemos no programa “Desperta, Brasil” de 4.ª feira, 25 de setembro: “Do hospital D. Gabriela vai assistir o grande ensaio final no Tijuca Tênis Clube no sábado, dia 28, pois os coristas vão superlotar aquele ginásio, e do hospital, que é apenas um quarteirão distante, ela vai poder assistir.” Quanto ao “assistir”, acertei, mas ao “do local”, errei. D. Gabriela foi internada no dia 26. Ela assistiu o ensaio sim, mas foi da “Tribuna de Honra”.
Com certeza, D. Gabriela deve ter ficado feliz quando o seu filho Jarib dirigiu os milhares de coristas do Coral da Cruzada naquele grande ensaio do sábado, 28 de setembro. Também com certeza, ela não desejaria que ficasse interrompida a tarefa tão bem desempenhada pelo seu filho na causa do Mestre.
E Jarib, sabendo disso, deu muito de si durante aquele ensaio. Muitos não sabia que ele havia perdido a sua querida progenitora havia pouco mais de 2 dias. Ela deve ter ficado muito feliz assistindo ao ensaio.
Outros tenham talvez deixado de atuar naquele dia. Mas Jarib, com sua criação cristã, conhecendo bem as atitudes de sua mãe, não deixou de cumprir a sua missão.
E como cumpriu, pois ele soube trabalhar. E trabalhar com ele era um prazer.
Deus o colheu para si em 5 de maio de 2008.
© 1974 de Bill H. Ichter – Usado com permissão/ © 2017 (Atualização): Robson José.
“Publicado originalmente em: “O Jornal Batista”, 17 nov 1974, pág. 4 – “Coluna Canto Musical”
Que bela história. É sempre bom conhecer um pouco mais dos autores.
Boa e frutífera vida de aposentado
Estudei durante o Ginásio com a filha do Sr Jarib – Leuzi, no Colégio Metrpolitano, na Rua Dias da Cruz . Fomos amigas durante o tempo do curso ginasial e eu frequentava a sua casa, seus pais eram pessoas maravilhosa. Antes de terminar o ginásio ( na quarta série ) minha família se mudou para a Tijuca e nunca mais nos vimos . Estive sempre interessada em saber da Leuzi e seus pais. Pesquisei várias vez no Google sobre a Leuzi, mas não tive sucesso. O Sr Jari fez uma foto minha e colorida coloriu e a Leuzi me deu de presente no meu aniversário. Gostaria muito de ter notícias da Leuzi.