Uma canção religiosa de Beethoven – Rolando de Nassau
Ludwig van Beethoven (1770-1827) compôs, sobre poemas de Christian Gellert (1715-1789), entre 1801 e 1802, seis canções religiosas (opus 48), num surto de sentimentos orientados pelo Deísmo do século 18. Foram publicadas como profanas, para terem difusão mais ampla …
A mais conhecida nas igrejas protestantes e evangélicas é a canção no. 4, “Die Himmel ruhmen das Ewigen Ehre” (Os céus declaram a glória de Deus), que foi incluída por Arthur Lakschevitz na coletânea “Coros Sacros” (vol.II, no. 35, Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1958).(ver: OJB, 03 e 24 jul e 07 ago 1988).
Anton Schindler revelou que Beethoven tinha sido criado na religião católica e, no transcurso de sua vida, tinha sido verdadeiramente religioso, assinalando o fato “que ele nunca discutiu matérias religiosas, ou os dogmas das várias igrejas cristãs, ou expressou suas opiniões a respeito de tais questões; suas opiniões religiosas eram baseadas menos sobre a fé na Igreja do que sobre o Deísmo. Sem qualquer teoria específica, ele reconhecia Deus no mundo, assim como o mundo em Deus; ele absorveu o conteúdo significativo dos escritos de Christian Sturm e nos ensinos dos sábios gregos (ver: Anton Schindler, Biographie von Ludwig van Beethoven).
Na biografia escrita por Maynard Solomon consta que certa vez Josef Haydn qualificou Beethoven, seu aluno, de ateu, e que a profunda crise de Beethoven em 1802 talvez tenha despertado seus sentimentos religiosos, mas por pouco tempo. O biógrafo observou que “Humanidade, Deus e a Natureza” era a trindade espiritual de Beethoven (ver: Maynard Solomon, Beethoven – Vida e Obra, pp.104,258 e 353. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1988).
É importante notar que a canção é religiosa, mas não sacra. Toda música sacra é religiosa, mas nem toda música religiosa é sacra.
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