HCC 233 – Adorem o Rei
História
233. Adorem o Rei
“Bendize, ó minha alma, ao Senhor! Senhor, Deus meu, tu és magnificentíssimo! Estás vestido de honra e de majestade” (Salmo 104.1).
O AUTOR Robert Grant baseou este hino livremente em Salmo 104, estudando também a versão metrificada de William Kethe do salmo no Anglo-genevan psalter (Saltério anglo-genebrino) de 1561. Escrito em 1833, apareceu no mesmo ano, no saltério Christian psalmody (Salmódia cristã) editado por Edward Bickersteth.
Robert Grant descreveu a si mesmo e a todos nós como “filhos do pó, sem forças ou valor”, embora fosse duma ilustre família de diplomatas ingleses, que conhecia bem o rei da sua terra. Há um grande contraste na sua descrição de si mesmo e do seu Rei celestial, para o qual é totalmente dirigida a sua adoração.
“As imagens criadas no hino são esplêndidas, e seus aspectos literários são comparáveis aos seus aspectos espirituais”.1
“Em cada um dos nomes-retratos dados no salmo, o conteúdo emocional é dramático: Deus-Rei, defesa, real proteção, grande poder, graça eternal, verdade, perdão, glória real, Criador”.2
Quando ele fala do amor sem igual de Deus, da sua constante e eficaz bondade, que nos perdoa e nos traz ricas bênçãos, Grant demonstra o seu relacionamento muito pessoal com Deus.
“Não é uma realização insignificante combinar, como faz este hino, majestade e ternura numa versão poética que flui livremente”.3
Sir Robert Grant (1779-1838) nasceu em Bengal, na Índia, onde seu pai era Diretor da East India Company. Tornou-se erudito, estadista, jurista e filantropo. Formando-se em Direito pela Universidade de Cambridge, destacou-se como advogado. Como membro do parlamento, foi autor da lei que emancipou os judeus em 1833, dando-lhes todos os direitos civis. Grant foi nomeado “Cavalheiro” em 1834, ao ser nomeado Governador de Bombaim, no seu país natal, posto que ocupou com justiça e compaixão até sua morte. Durante toda a sua vida, embora anglicano, Grant foi um “evangélico consagrado” que, como o pai, fervorosamente sustentou a extensão missionária da sua igreja. Tornou-se muito querido do povo da Índia por estabelecer uma faculdade de medicina em Bombaim, que recebeu seu nome.
Grant, um hinista “de grande mérito”,4 é bem conhecido hoje. Publicou diversos dos seus hinos anonimamente. Depois da sua morte, seu irmão, Lord Glenelg, publicou doze dos seus hinos numa coletânea chamada Sacred poems(Poemas sacros, 1839).
Depois de considerar diversas traduções deste hino “clássico” escolhido pela Comissão Coordenadora do HCC, a Subcomissão de Textos pediu a um dos seus membros, o teólogo e hábil hinista Werner Kaschel, uma nova tradução, que ele fez, com esmero, em 1990. (Ver dados do tradutor no HCC 38)
A melodia LYONS apareceu, pela primeira vez, na coletânea de William Gardiner, chamada Sacred melodies (Melodias sacras – Londres, 1815) e, logo depois, nos Estados Unidos, em 1818, na coletânea de melodias do mesmo nome, editada por Oliver Shaw. Foi atribuída ao ilustre compositor Johann Michael Haydn (irmão do famosíssimo Joseph Haydn), embora sua fonte exata nunca pudesse ser precisada. Era praxe naquela época compositores de melodias procurarem melodias clássicas que pudessem ser aproveitadas para hinos.
Johann Michael Haydn (1737-1806) nasceu na vila de Rohrau, na Áustria. Cantor notável, ainda como menino, foi treinado como corista na Catedral Santo Estêvão, em Vienna. Como seu famoso irmão Joseph, foi, em grande parte, autodidata na música. Em 1757, foi escolhido para o posto de Mestre-Capela em Grosswardein, e em 1762 em Salzburg, onde tornou-se também organista em duas igrejas de renome. “Um cristão consagrado”,5 Haydn escreveu muita música sacra, embora pouco fosse publicada, por sua própria relutância. Assim mesmo, deixou 400 obras sacras, incluindo 360 missas e muitos oratórios e cantatas, diversas óperas, 60 sinfonias, muita música de câmara, e concertos para diversos instrumentos.
O autodidata Haydn foi professor de muitos compositores famosos, inclusive Karl Maria von Weber. Foi altamente estimado pela Imperatriz Maria Teresa, pelo Príncipe Esterházy, e por seu irmão Joseph. O ilustre compositor Franz Schubert (ver HCC 239), ao visitar a sua sepultura, declarou:
“O bom Haydn! (…) Nenhum homem o reverencia mais do que eu”.6
1. MARKS, Harvey B. The rise and growth of english hymnody. New York: Fleming H. Revell Company, 1937. p.126.
2. BAILEY, Albert Edward. The gospel in hymns. New York: Scribner’s Sons, 1950. p.182.
3. Ibid.
4. JULIAN, John, ed. A dictionary of hymnology. Dover Edition, New York: Dover Publications, 1957. p.450.
5. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist hymnal, Nashville, TN: Abingdon Press, 1937. p.26.
6. MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody, 2ª ed., Nashville, TN: Abingdon Press, 1937. p.26.