HCC 145 – Hoje nos lembramos da ressurreição

História

145. Hoje nos lembramos da ressurreição

O POEMA LATINO de 110 linhas chamado Tempora florigero rutilant distincta sereno (Estação matizada refulge com tempo sereno e florífero), do séc.7, de Venantius Fortunatus, retrata a vinda da primavera como um símbolo da nova vida que entrou no mundo com a ressurreição de Cristo. O hino incluído nesta poesia, Salve, festa dies (Salve, dia festivo), realça vários nomes e descrições de Cristo no prisma teológico: Salvador, Redentor, Vencedor da morte, Mediador, Sumo Sacerdote, Santo Intercessor, Rei, Homem-Deus, Senhor. Com estes nomes do nosso Salvador ressuscitado nos nossos lábios, cantemos com o autor: “Sejas tu louvado eternamente! Amém.”

Esta parte do poema foi parafraseada em inglês pelo pastor,John Ellerton, reconhecida autoridade em hinologia na sua época. Foi publicado pela primeira vez no hinário de Brown-borthwick, supplemental hymn and tune book (Livro suplementar de hinos e melodias), em 1868. Excelente hinista, alguns dos hinos e traduções de Ellerton ainda estão em uso. O Hinário para o culto cristão também inclui seu valioso hino Ó Deus eterno, vem me conceder, no número 383.

Venantius Honorius Clementianus Fortunatus (c.530-609), chamado por Julian

“o mais nobre e aprazível dos liristas [escritor de textos de hinos e outras músicas] cristãos”,1

poeta clássico, trovador e escritor de hinos, nasceu na Itália. Em cerca de 566, passou à Gália, ou França, e ali ficou. Educado com esmero, era um jovem alegre e romântico. Não havia castelo, ou palácio, que não acolhesse este poeta e cantor inspirado. Ali cantava suas canções e participava das festas com alegria. Tornou-se grande amigo da muito piedosa rainha Radegunda. Foi em grande parte devido à sua influência que chegou ao sacerdócio, donde seguiu progredindo até chegar a ser o Bispo de Poitiers. A vida de Fortunato não foi sempre irrepreensível, mas os três hinos de sua pena, que sobreviveram, são dos melhores.

A versão de Ellerton foi habilmente adaptada para o português pelo pioneiro hinista brasileiro, João Gomes da Rocha, em 1898 e publicada na segunda edição de Psalmos e hymnos com músicas sacras, em 1889. Já constava junto ao hino naquela edição o versículo: “Estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos” (Apocalipse 1.18). (Ver dados do tradutor no HCC 2).

A melodia SALVE FESTA DIES (Barnby) foi composta para este hino pelo compositor inglês Joseph Barnby. Recebe seu nome pelo título do hino na língua original.

Joseph Barnby (1838-1896) nasceu em York, na Inglaterra, em 12 de agosto de 1838, o último de sete filhos, todos com talentos musicais. Desde cedo, Barnby se destacava como corista em York Minster, uma região famosa pelos bons coros de meninos. Continuou o mesmo caminho tornando-se organista da sua igreja aos doze anos e regente coral aos quatorze. Barnby recebeu bolsa de estudos e formou-se pela célebre Academia Real de Música em Londres, onde fez estreita amizade com Arthur Sullivan. Brilhou como regente coral e organista de algumas igrejas de renome. Reintroduziu o canto anual da Paixão de Cristo de São João, de Johann Sebastian Bach. Sucedeu ao famoso compositor, Charles Gounod, como regente da Sociedade Coral Real, agindo com sucesso incomum. Aliás, toda a sua fama como regente foi adquirida regendo coros de amadores.

De acordo com Welsh e Edwards, seus contemporâneos, o sucesso de Barnby

“deve ser atribuído a sua vontade indomável, sua natureza agradável e franca e seu poder de conservar as mentes dos seus coristas concentradas no seu trabalho. Seu sucesso também era resultado da sua insistência numa pronúncia muito clara, que capacitava seus ouvintes a compreenderem o que estava sendo cantado, sem ter o texto em mão”.2

Barnby foi Diretor de música da Faculdade Eton de 1875 a 1892 e, depois, Diretor da Escola de Música Guildhall. Editou cinco hinários e compôs 246 melodias para hinos, algumas das quais estão entre as mais lindas existentes. Compôs um oratório, diversas cantatas, muitos peças corais e outras músicas litúrgicas. O Hinário para o culto cristão inclui mais duas das suas inesquecíveis melodias nos números 310 (LAUDES DOMINI) (Os louvores do Senhor) e 597 (O PERFECT LOVE) (Perfeito amor). Este benquisto músico faleceu em Londres, em 28 de janeiro de 1896. Suas melodias foram publicadas num só volume em 1897, após sua morte.

1. JULIAN, John, ed. A dictionary of hymnology, v.I, Dover Edition. New York: Dover Publications, 1957. p.644.

2. WELSH, R. & EDWARDS, F.G. Romance of psalter and hymnal. New York: James Pott & Co., 1889. p.335.

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