HCC 042 – Guia, ó Deus, a minha vida
História
42. Guia, ó Deus, a minha vida
Esta oração poderosa, pedindo o amparo e direção de Deus e traduzida em mais de 75 idiomas, existe em português desde a publicação do primeiro hinário brasileiro, Salmos e hinos, em 1861. Foi escrito na língua galesa por William Williams em 1745, quando este foi desafiado a escrever melhores hinos do que os que a sua denominação possuía.
Ilustra algumas das características da hinódia galesa, que tem sido bem comparada na sua simplicidade e transparência com a poesia hebraica. Na sua linguagem emocional e seu apelo direto, depende mais da expressão simples de um forte sentimento espiritual do que nas sutilezas das leis poéticas.1
Depois que Peter Williams, um líder proeminente no reavivamento metodista em Gales, traduziu três estrofes para o inglês, o autor (ou seu filho, o Pr. John Williams), insatisfeito com esta tradução, fez nova tradução de duas delas e adicionou uma outra estrofe. Assim foi publicado em inglês em 1772. O HCC inclui somente três estrofes.
William Williams (1717-1791), conhecido como o “doce cantor de Gales”2, formou-se em medicina no seu país natal. Sentindo-se chamado para o ministério, foi ordenado diácono aos 23 anos. Mais tarde, tornou-se evangelista da Igreja Metodista Calvinista de Gales. Viajou muito em todo o seu país, pregando e cantando as boas novas com grande sucesso, por 45 anos. Escreveu cerca de 800 hinos em galês, e 100 em inglês. Publicou sua primeira coletânea aos 27 anos.
Williams, como hinólogo para o País de Gales, tem sido comparado com Paul Gerhardt, o maior hinista da Alemanha e Isaac Watts, o “Pai da hinódia inglesa”. Os hinos de Williams
“desafiaram e confortaram a nação por mais de cem anos e ajudaram a moldar o seu caráter e aprofundar a sua piedade.”3
O nome da melodia, CWM RHONDDA, significa “o baixo vale de Rhondda”4 (vale onde se encontram várias pequenas cidades mineiras).5 Foi composta por John Hughes em 1907 para o Festival Batista de Música celebrado anualmente naquele vale e impressa para aquela ocasião.
Escrita numa época quando “o país de Gales estava em pleno avivamento”,6 esta linda melo-dia foi sua obra prima. Desde que foi unida à letra de Williams num hinário presbiteriano nos Estados Unidos em 1933, esta combinação se alastrou ao redor do mundo. CWM RHONDDA expressa esta oração duma maneira singular. Hoje esta melodia é achada em hinários em todos os continentes, casada com diversas letras.
John Hughes (1873-1932), membro vitalício da Igreja Batista de Salem, em Gales, filho de um diácono e diretor de música, começou a se sustentar aos 12 anos como porteiro duma grande companhia mineira.
Anos mais tarde era oficial da mesma companhia. Hughes compôs muitos hinos, marchas para a Escola Dominical e antemas corais.
O tradutor para o português, Richard Holden (1828-1886), escocês de nascimento, esteve em atividades comerciais no Brasil quando moço. Sentindo-se chamado para o ministério, transferiu-se para os Estados Unidos onde estudou teologia e foi ordenado na Igreja Protestante Episcopal. Em 1861 voltou ao Brasil, trabalhando no Pará e na Bahia. Fortes perseguições religiosas promovidas pelo clero romano não lhe permitiram êxito nos seus esforços. Desligando-se da Sociedade Missionária Episcopal, Holden transferiu-se para o Rio de Janeiro onde serviu como co-pastor do Dr. Robert Kalley na Igreja Evangélica Fluminense de 1864 a 1871. Cooperou algum tempo com a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira.
Durante a sua visita à Escócia em 1872, tornou-se membro da Igreja Cristã (Irmãos Unidos). Esteve em Portugal onde publicou o marcante hinário Hinos e cânticos espirituais provavelmente em 1876. Este hinário, com o nome Hinos e cânticos, bastante revisado e ampliado, ainda serve à Igreja Cristã no Brasil. Quase cem hinos de Holden têm sido aproveitados nos diversos hinários evangélicos do Brasil. O Hinário para o culto cristão inclui mais quatro hinos (entre letras e traduções) deste pioneiro da hinódia da língua portuguesa nos números 73, 166, 179 e 358. (Ver outros dados de Holden no HCC 73).
1. PRICE, Carl F. One hundred and one hymn stories. Nashville, TN: Abingdon Press, 1966, p.47.
2. MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody. Nashville, TN: Abingdon Press, 197, p.28.
3. LEWIS, H. Elvet. Em: REYNOLDS William J. Companion to Baptist Hymnal. Nashville, TN: Broadman Press, 1976, p.464.
4. REYNOLDS, Ibid., p. 77.
5. Brown, David, Carta à autora em 13 de outubro de 1993.
6. Ibid.