HCC 010 – Louvemos ao Senhor

História

  1. Louvemos ao Senhor

ESTE HINO de gratidão ao Deus triúno, Nun danket alle Gott, (Agora, agradecemos todos ao Senhor) de Martin Rinkart, pastor, teólogo e músico alemão, é chamado o Te Deum (ver HCC 1, anotação 5) alemão. Escrito em 1636, é largamente usado, não somente nas igrejas, mas para expressar gratidão nacional em muitos países. A primeira estrofe é uma expressão de agradecimento a Deus por suas bênçãos; a segunda é um reconhecimento do seu cuidado e proteção; a estrofe final é uma doxologia, louvando o Pai, o Filho, e o Espírito Santo.

O autor, Martin Rinkart (ou Rinckart), nasceu em Eilenburg, Alemanha, em 23 de abril de 1586. Formou-se em música e teologia e exerceu os dois ministérios. Poeta e dramaturgo sacro, escreveu muitos volumes, inclusive dramas que celebravam a Reforma, publicados em 1613, 1618 e 1625. Muitas das suas obras foram perdidas. Isto não surpreende quando se lembra que:

A maior parte da vida profissional de Rinkart ocorreu durante os horrores da Guerra dos trinta anos. Eilenburg (onde era pastor) tornou-se uma cidade de refúgio de todos os arredores, naturalmente sofrendo pestilência e fome (….) Por muito tempo, Rinkart foi o único pastor da cidade. (….) Os seus recursos foram estendidos ao máximo para tentar atender às necessidades do seu povo (….) teve (durante aquele período) de fazer o culto fúnebre de um total de 4.480 pessoas.(….) Salvou a cidade em duas ocasiões de forças inimigas.1

O pastor Rinkart faleceu em 8 de dezembro de 1649, um ano depois que a paz voltou à sua terra, prematuramente envelhecido por seus sofrimentos. Uma placa memorial, erigida na sua cidade em 1886, relembra o extraordinário ministério deste servo de Deus.

O pastor João Soares da Fonseca traduziu este hino do alemão em 1990, a pedido da Comissão Coordenadora do Hinário para o culto cristão. Fonseca procurou ser o mais fiel possível ao original de Rinkart.

João Soares da Fonseca, como atuante membro da Subcomissão de Textos, traduziu dezenove hinos para o Hinário para o culto cristão, escreveu uma estrofe para outro, e harmonizou ainda outro. Contribuiu sempre com muita eficácia e criatividade na consideração de todos os textos. Bacharel pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, em 1976, foi consagrado ao ministério no mesmo ano, na Igreja Central de Cachoeiras de Macacu, RJ, onde foi seminarista. Capixaba, nascido em Barra de São Francisco, em 15 de maio de 1955, Fonseca voltou em seguida para o seu estado natal, pastoreando a Primeira Igreja Batista de Vila Velha, ES, por cinco anos. Deixou esse pastorado para servir como missionário da Primeira Igreja Batista de Vitória, no Iraque. Ficou lá dois anos. Trabalhava junto aos funcionários brasileiros da Empresa Mendes Júnior que estava construindo uma estrada de ferro naquele país. O pastor Fonseca procurava oportunidades para testemunhar também aos iraquianos, mesmo sabendo que isto era proibido pela lei daquele país muçulmano. Ele usou esses anos para aprender árabe e aperfeiçoar-se no hebraico, língua que lecionou mais tarde, no Seminário Teológico Batista do Espírito Santo.

Voltando ao Brasil, o pastor Fonseca assumiu o pastorado da Igreja da Praia de Suá, Vitória, ES, em março de 1984. Foi também redator de O Batista Capixaba. De lá foi para a Primeira Igreja Batista de Cascadura, Rio de Janeiro, RJ, em maio de 1986, permanecendo até 22 de abril de 2001. Assumiu, ainda em 1986, a função de redator auxiliar de O Jornal Batista, lugar que ocupou até 1988.

“Desde 6 de maio de 2001 pastoreia a Eastview Baptist Church (igreja bilíngüe de cultos em inglês e português), na cidade de Ottawa, Canadá, auxiliado por sua esposa Peggy Smith Fonseca, com quem contraíu nupcias em 1992. Peggy foi missionária da Junta de Richmond no Brasil designada para o trabalho na União Feminina Batista do Brasil, onde foi líder das Sociedades de Crianças (Amigos de missões) por 14 anos.”2

O pastor Fonseca é conhecedor do castelhano, inglês, alemão e francês, habilidade esta que usou com afinco nas suas traduções para o Hinário para o culto cristão, dotando o hinário, assim, de um bom número dos melhores hinos da hinódia internacional.

NUN DANKET (Agora agradecemos) recebeu o seu nome da primeira linha do hino de Rinkart, como é o costume nos corais (hinos) alemães. Johann Crüger publicou a melodia em 1647 na sua coletânea Praxis pietatis melica (A prática harmoniosa da piedade), 3ª edição. Felix Mendelssohn introduziu-a na sua obra Festgesänge (Celebração), alterada e com harmonia a seis vozes. Sua obra foi apresentada, pela primeira vez, em 1840, numa celebração do quarto centenário da invenção da imprensa. A harmonia no Hinário para o culto cristão apresenta quatro das seis vozes.

Johann Crüger (1598-1662) nasceu na Prússia (hoje englobada pela Alemanha). Estudou teologia em Wittenburg e tornou-se Kantor (solista e diretor de música) da Catedral Luterana de St. Nicholas, fundando o seu coro famoso. Continuou ali até a sua morte, quarenta anos mais tarde. Crüger, um dos músicos mais importantes da sua época, compôs muitas melodias para hinos e publicou muitas coletâneas. Publicou a primeira edição de Praxis pietatis melica em 1644. Suas 44 edições sucessivas de 1644 a 1736 formaram a coleção de hinos mais notável do século 17 e a fonte principal de música para a hinódia luterana daquele período. Muitas das suas melodias estão em hinários e coletâneas corais do Brasil. O Hinário para o culto cristão inclui outra linda melodia deste notável músico no número 315.

Felix Mendelssohn (Jacob Ludvig Felix Mendelssohn-Bartholdy) nasceu em Hamburg, Alemanha, em 3 de fevereiro de 1809, numa culta e abastada família judaica convertida ao cristianismo. O jovem Felix mostrou os seus extraordinários talentos musicais em tenra idade: estreou como concertista ao piano aos nove anos; aos doze, já tinha composto muitas obras, inclusive cinco sinfonias.

Outros dados sobre este gênio alemão são acessíveis em outras fontes. É importante realçar aqui as suas mais notáveis obras sacras: os seus oratórios, Elias e São Paulo, traduzidos por Joan Larie Sutton e David William Hodges, respectivamente (ver detalhes no HCC 25 e no HCC 1). Entre outras obras sacras de Mendelssohn são: Tu és Petrus (Tu és Pedro, Op111), Lauda Sion (Louvai, Sião, Op 73), alguns Salmos para coros, antemas corais, quartetos e duetos vocais, e a oração Verleih’ uns frieden (Concede-nos paz), além de diversos cânticos para solo e piano como Es ist bestimmt in Gottes rat (É, com certeza, do plano de Deus). Outros hinos extraídos e adaptados das suas obras estão no HCC 96 e 351.

  1. JULIAN, John, ed. A dictionary of hymnology, v.2, Dover Edition, New York: Dover Publications, 1957. p.962.
  2. FONSECA, João Soares da. Dados atualizados pelo tradutor, por e-mail, à Magali Cunha em 19 de novembro de 2001.

 

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