HCC 001 – Oh, vinde adorar!

História

  1. Oh, vinde adorar!

NESTE COMOVENTE convite, Henry Maxwell Wright nos chama à adoração ao Deus Criador, exaltando-o através de expressões como: excelso, bom, soberano, luz e poder. Esse Deus se manifesta não apenas na criação, mas principalmente em seu Filho, Jesus Cristo, que é o ponto culminante da revelação (Hebreus 1.1,2).

A David William Hodges, membro do Grupo de Trabalho de Textos do HCC, foi dada por Joan Larie Sutton, Coordenadora Geral, a tarefa de acrescentar uma terceira estrofe trinitária a este hino, em 1989.

“O resultado, então, é um hino que começa e termina com a frase Oh, vinde adorar!, sendo assim um excelente hino número 1 do nosso Hinário para o culto cristão”.1

Henry Maxwell Wright nasceu em Lisboa, Portugal, em 7 de dezembro de 1849. De ascendência inglesa, mais tarde optou pela cidadania britânica.  Associou-se aos Batistas Livres.

Em visita à Inglaterra, durante as campanhas do evangelista Dwight L. Moody, Wright decidiu deixar a profissão de bem sucedido comerciante e, em outubro de 1875, passou a dedicar-se à evangelização. Durante os seus três anos de treinamento bíblico ensinou os meninos de rua numa escola noturna e pregou tanto na Inglaterra como na Escócia.

Em 1878, achou que Deus o queria na China e, antes de partir, passou por Portugal. Lá, impressionado com a falta de obreiros, sentiu-se desafiado a trabalhar com os povos de língua portuguesa, o que fez por mais de 50 anos. Evangelizou extensivamente no Arquipélago dos Açores.

Wright empreendeu quatro viagens ao Brasil, onde falava a grandes auditórios, percorrendo quase todo o país. Em sua segunda viagem foi preso como “inimigo da religião oficial”.2 Na terceira viagem, veio acompanhado de sua irmã Luiza Wright (evangelista e escritora de hinos).

Contraiu impaludismo e voltou à Inglaterra para tratamento de saúde. Em 1897, já restabelecido, voltou a Portugal para continuar o seu ministério ali.

Wright esteve duas vezes nos Estados Unidos, pregando aos povos de língua portuguesa ali residentes, e, na volta, pregou aos portugueses residentes nas Ilhas Bermudas. Em 1901, Wright casou-se com Ellen Della-force, filha de ingleses, e juntos construíram o salão evangélico da Associação Cristã de Moços (ACM) no Porto, inaugurado em 1905.

A contribuição hinológica de Wright é muito significativa. Suas letras são de grande valor inspirativo. Ele possuía também uma bela voz e cantava solos em suas reuniões evangelísticas. Gostava de ensinar hinos e cânticos nestas ocasiões, que ele escolhia ou escrevia para reforçar a mensagem da noite.

Wright foi autor ou tradutor de cerca de 200 hinos.3 Há uma coletânea chamada In Memoriam (Em Memória), editada por J.P. da Conceição e publicada no Porto, em 1932, que contém 185 hinos dele. Os seus hinos e cânticos aparecem em grande número na maior parte dos hinários evangélicos no Brasil.

Na 36ª edição do Cantor cristão se encontram 61 hinos seus. No Hinário para o culto cristão, publicado 60 anos depois da sua morte, ainda há 29 das letras e traduções deste servo de Deus.

“Cristão consagrado para quem a comunhão com Cristo era estado habitual”, 4

Wright foi o Moody-Sankey do povo de língua portuguesa, alcançando milhares de almas com sua vida dedicada, sua poderosa pregação e sábio uso da música no seu ministério.

Em 23 de janeiro de 1931, Wright faleceu no Porto. Entre os presentes ao seu sepultamento achava-se o nosso saudoso missionário Antônio Maurício, ainda jovem. Foram cantados os hinos Com tua mão segura bem a minha; Doce, doce lar e Rocha eterna, a pedido do próprio Wright antes de falecer.

David William Hodges, autor da terceira estrofe, nasceu em Kansas City, Estado de Missouri, EUA, em 22 de dezembro de 1942. Criado em lar cristão, foi batizado aos nove anos, e começou a trabalhar na música da igreja. David começou a estudar canto, aos 16 anos, com a profª. Gladys Cranston.

David casou-se em 4 de junho de 1966, com Ramona Gay Miller, que conhecera na universidade. O casal tem quatro filhos: Charles, Catherine, Elizabeth, e Robert, seu caçula brasileiro.

Hodges adquiriu um treinamento aprimorado, com Bacharel e Mestrado em Artes (especialização em canto), na Faculdade Central do Estado de Missouri; Mestrado em Educação Religiosa, no Seminário Teológico Midwestern, também, no seu estado natal. No Seminário Teológico Southwestern, em Fort Worth, Estado de Texas, ainda fez dois anos em busca do Doutorado em Educação Religiosa. Ramona fez o Bacharel e o Mestrado em inglês. Começou seus estudos de piano ainda criança e é a acompanhadora predileta de seu marido, além de servir como organista da sua igreja. Foi no seminário que Deus tocou no coração do casal, chamando-o para o trabalho missionário. O casal apresentou-se à Junta de Richmond, e foi nomeado para o Brasil, chegando aqui em 31 de janeiro de 1980.

O ministério de Hodges tem sido multifacetado e profícuo. No final dos seus estudos da língua portuguesa, já servia interinamente como Ministro de Música, na Igreja Batista da Liberdade, São Paulo, Capital, e em 1981 se tornou professor da Faculdade Teológica Batista da mesma cidade, ensinando e regendo corais com grande sensibilidade.

Hodges, que ama as línguas, dedicou-se também à tradução, dando-nos assim um grande repertório antes desconhecido dos evangélicos.  A maior obra traduzida por ele  e apresentada pelo Coro da FTBSP sob a sua regência, foi o oratório São Paulo, de Mendelssohn. Ainda traduziu o Te Deum 5 (Nós te louvamos, ó Senhor), de G.F. Handel, para o Coro, no qual foi o tenor solista sob a regência do pr. Marcílio de Oliveira Filho.

O pr. Marcílio, num artigo para O Jornal Batista, intitulado Ele segurou as cordas!, falou do grande ímpeto que o projeto Cantem, Batistas brasileiros! recebeu desse dedicado missionário, que se empenhou para que o projeto tivesse sustento de sua missão, e se prontificou a tomar o lugar de Marcílio à frente do Coro da Igreja Batista do Ipiranga e na FTBSP durante a ausência do casal Oliveira.6

Em 1987 a família Hodges se mudou para a cidade do Recife, PE, onde David assumiu o professorado de música sacra no Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil. Hodges serviu também na Igreja Batista do Forte, na cidade de Paulista, e na Igreja Batista da Capunga, na cidade de Recife, PE, como diretor interino de música.

David é um tenor de voz pura e maviosa, sendo requisitado freqüentemente para solos e recitais por onde anda. Nas chamadas “férias” nos Estados Unidos, tem prazer em divulgar, com a sua família, a música sacra brasileira.

No âmbito nacional, Hodges atuou incansavelmente no preparo do Hinário para o culto cristão, primeiramente, na pesquisa (computada com o auxílio do seu filho, Charles) dos hinos prediletos do povo batista em todo o Brasil. Hodges também preparou o livreto Sete hinos congregacionais para a Igreja de hoje, publicado pela JUERP em 1986. Ele continuou a dar de si eficientemente, sem medir esforços, ora na Subcomissão de Música, ora no GTT (Grupo de Trabalho de Textos, que trabalhava com os hinos mais problemáticos), ora no Grupo de Verificação de Dados, em cooperação com a Subcomissão de Documentação e Histórico, ora no preparo e computação dos índices. Sua capacidade de ver um problema com clareza e achar uma resposta certa foi de grande auxílio para todos os seus colegas.

Quando perguntado pelo pr. Marcílio quais eram as suas maiores alegrias no Brasil, David respondeu:

“o país e o povo em geral, a aceitação de todos, o desenvolvimento da denominação, o trabalho em geral, e principalmente, os grandes amigos brasileiros” 7

O Hinário para o culto cristão inclui 11 excelentes letras e traduções de Hodges, e 10 músicas, verdadeiras jóias que o povo aprenderá a amar.

“Vamos todos cantar para o louvor e a glória de Deus”.8

Esta frase, ouvida dos lábios de William Knapp (1698-1768) em cada culto da sua igreja, caracterizou a sua vida.

Knapp, descendente de alemães, nasceu no condado de Dorsetshire, Inglaterra, em 26 de setembro de 1698. Foi chamado “O salmista do campo”.9 Tornou-se organista, compositor e compilador de coleções de melodias. Serviu por 39 anos como precentor, uma função semelhante à de diretor de música, na Igreja de Saint James, em Poole, porto no seu condado natal no extremo sul do país.

Knapp publicou duas coleções de salmos, antemas e hinos, em 1738 e 1753. Hoje cantamos somente a sua melodia WAREHAM, que faz parte da primeira coleção. Uma das características distintas dessa melodia é que, com duas pequenas exceções, ela se movimenta, do início ao fim, em graus conjuntos.

  1. HODGES, David William. Carta à autora em 1991
  2. ICHTER, Bill H. Vultos da música evangélica no Brasil. 1ª ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1967. p.90.
  3. Os hinos de H.M. Wright apareceram muitas vezes nas difundidas revistas O Bíblia e O christão, na coletânea da Igreja Evangélica Fluminense: Nova collecção de hymnos evangélicos, em 1882, e também nos seus próprios hinários: Hymnos e coros (1890 ou 1891) e Hymnos em 1892. A coletânea In memoriam Henry Maxwell Wright, publicada por J.P. da Conceição em 1932, reunindo todo o seu acervo, incluía 151 hinos e 42 cânticos. Destas fontes foram difundidos para Salmos e Hinos, Cantor cristão, e todos os hinários evangélicos no Brasil. Ver BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Música sacra evangélica no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, 1961, p.233,234.
  4. BRAGA, Ibid., p.233.
  5. Te Deum (Te Deum Laudamos) (Nós te louvamos, ó Senhor), provém de um hino latino usado por muitas igrejas cristãs para expressar um momento supremo de júbilo. O texto latino tem música tradicional em cantochão, mas também foi musicado com acompanhamento orquestral (por diversos músicos eruditos, inclusive por Handel, em inglês). HORTA, Luiz Paulo, ed., Dicionário de música, trad. Álvaro Cabral, Rio de Janeiro: Zahar Editores, p.379.
  6. OLIVEIRA FILHO, Marcílio de. Ele segurou as cordas! Rio de Janeiro: O Jornal Batista, 5 de julho de 1987, p.5.
  7. Ibid. (grifo meu).
  8. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist Hymnal. Nashville: Broadman Press, 1976. p.354.
  9. MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody. 2ª ed. Nashville: Abingdon Press, 1937. p.67.

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