Cantando o Evangelho: A História de Romilda Cuthbert

Cantando o Evangelho: A História de Romilda Cuthbert

Louvo ao Senhor por missionários que foram obedientes ao chamado do Mestre: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho”.
Meus avós eram crentes, fundadores da Igreja Presbiteriana Independente em São Sebastião da Grama, em São Paulo.  Nasci, portanto, num lar evangélico e frequentei  a igreja por toda a minha infância e adolescência, mas sem conhecer pessoalmente o Senhor Jesus.  Sentia-me tão infeliz, sem alegria e paz.  Comecei  a procurar algo que preenchesse aquele vazio. Penso que foi Santo Agostinho que disse algo assim: “o coração  é inquieto, até achar descanso no Senhor”.

Uma amiga que trabalhava comigo na Sears, viu quão infeliz eu era e convidou-me a ir à sua igreja.  Ela me disse que, como presbiteriana, eu tinha 80% de minha salvação. Em me tornando Mórmon, eu teria os outros 20%. E a segurança de que iria para o céu seria real em minha vida. Comecei a estudar o livro dos Mórmons, com certa reserva. Sempre respeitei a Bíblia como a Palavra de Deus. Agora eles estavam me dizendo que a Bíblia não era “toda a Palavra de Deus”.  Bem, finalmente fiquei completamente desiludida e perdi o interesse.

Comecei então a me envolver com o espiritismo. Como iniciavam as reuniões com a oração “Pai Nosso”, eu achei que Deus estava presente. Vi manifestações sobrenaturais. Eles não tinham livros para que eu estudasse. Queria pesquisar para entender.  Este foi um passo para me envolver com filósofos da Índia. Desta vez achei muitos livros!  Aprofundei-me no estudo.

Jamais pensei que estava brincando com Satanismo.  Fiquei cada vez mais confusa, com os nervos à flor da pele.  Procurei ajuda profissional.  Comecei tratamento com um psicanalista  considerado cristão.  Por seis meses, três vezes por semana, fui ao seu consultório. Como meu problema era espiritual, sempre mencionava a Bíblia.  Um dia ele me perguntou se eu acreditava nas histórias da Bíblia: Jonas dentro do peixe, Moisés atravessando o Mar Vermelho…  Respondi que acreditava, sim.  Ele disse: “Isto é bobagem, é lenda”.  Se ele quis me chocar, conseguiu o objetivo.  Não voltei mais.  Depois destes seis meses, fiquei pior. Pensei: “Meu próximo passo é um sanatório.”

Foi aí  que Deus, em sua misericórdia e amor, mandou à minha igreja uma missionária da Aliança Pró Evangelização das Crianças. Ah, sim:  Mesmo com todos os meus problemas, eu continuava frequentando a igreja. Trabalhava com crianças. Cantava no coro. Aquela missionária contou uma história no flanelógrafo e nos convidou para um Treinamento de Evangelistas de Crianças.  Logo me interessei e peguei os papéis de inscrição.   Estava curiosa para estudar essa “religião”.   Respondendo à pergunta: “desde quando você é crente?” escrevi: “desde que nasci”.    Creio que logo começaram a orar por mim.

Na primeira aula, rejeitei  quando disseram que devíamos dizer às crianças que eram pecadoras. Imagine, eu não era pecadora, como poderia dizer isto a uma criança. Afinal, eu ia à igreja todos os domingos, cantava no coro, ensinava as crianças na Escola Dominical… Além disso, estava me purificando através da Meditação Transcendental…  O Espírito Santo começou o Seu trabalho.  Numa lição, a missionária fez um convite para quem queria aceitar a Jesus, como deveríamos falar com as crianças.  Levantei minha mão. Não me preocupei com os adultos presentes. Naquela noite, como uma criança, eu aceitei a Jesus como meu Salvador pessoal.  Não é isto mesmo que a Bíblia diz: “Se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus” ?    Eu me achava tão intelectual, tão superior. Foi como se o Senhor me dissesse: “Vem cá sua bobinha, vou atraí-la a mim com uma história no flanelógrafo.” Todo o meu interesse por estudar Krishnamurt e outros filósofos desapareceu. Cada vez mais eu me aprofundava no estudo da Palavra. O Senhor Se tornou real em minha vida.

O Senhor iniciou  Seu trabalho em minha vida, guiando-me passo a passo.  Naquela época eu era secretária na Philco. Recebi, um dia, um telefonema da Palavra da Vida, convidando-me para cantar. Num fim de semana, fui até o acampamento pela primeira vez.  No sábado à noite eles tinham um culto ao pé da fogueira.  Harry Bollback fez um apelo para dedicação de vida.  Após ouvir o testemunho de um menino, fui à frente e dediquei minha vida ao Senhor.  “Seja o que for, onde for, eu quero servi-lO”.

A criação -Romilda

Estava economizando para ir aos Estados Unidos. Meu plano era estudar Serviço Social.  Estava fazendo isto no Hospital das Clínicas todos os fins de semana.  Realmente eu já estava evangelizando crianças. Mas em meu crachá estava escrito: Assistente Social, e isto que eu queria ser. Minha amiga mandou todos os papéis necessários. Pedi demissão da Philco. Quando estava pronta para ir, minha amiga me escreveu, dizendo que viria para o Brasil por dois meses.  Eu poderia ir e ficar sozinha no seu apartamento, ou esperar para voltar com eles.  Conversando com os Bollbacks, eles me convidaram para conhecer o Acampamento Palavra da  Vida em New York.  Eu poderia ajudar no Acampamento e, quando terminasse o verão, iria para a Califórnia.

Trabalhei na Ilha com os jovens e cantei na Noite de Arte nos três Acampamentos.  Nos estudos Bíblicos tivemos ótimos teólogos.  Sendo Howard Hendriks um deles. Fui crescendo espiritualmente. Conheci e vi apresentações de missionários. Alguns trabalhavam com índios no norte do Brasil. O Senhor começou a trabalhar em meu coração,  dando-me a convicção de que deveria voltar ao Brasil e trabalhar com as nossas  crianças.   No fim do verão, Palavra da Vida precisava de uma secretária. Fiz o teste. Passei.   Durante  9 meses  trabalhei no escritório em New Jersey. Visitava igrejas nos fins de semana, cantando, dando testemunho, representando o Brasil.  O Senhor  me mostrou claramente o Seu plano para minha vida.
Voltei ao Acampamento. Desta vez fui para o Rancho, com o objetivo de aprender a organização de um acampamento de crianças.  No outono fui para  o Treinamento de Liderança da APEC, em Michigan. Antes de terminar o curso de três meses, recebi uma carta de Harry Bollback. A Estância Palavra da Vida ia ser aberta e eles gostariam que eu fizesse o trabalho com crianças durante a temporada, e eventualmente eu teria o meu Rancho. Em Dezembro de 1962, voltei para o Brasil, e iniciei meu ministério, em janeiro de 1963. Tinha três desejos em meu coração:  Discos para crianças, programa de rádio e Acampamento.  O Senhor tornou em realidade um a um!

O primeiro foi o Rancho, em Dezembro de 1963. Usamos o Acampamento dos Jovens por uma semana. Como era uma nova idéia, pensamos que iríamos ter umas 50 crianças. Surpresa!   153 pequeninos chegaram.  Isto foi o início. Daí em diante, tivemos o Rancho todos os anos. Muitos pequeninos aceitaram o Senhor Jesus.  Hoje encontramos pastores e missionários que fizeram sua decisão nos Ranchos. Ao Senhor toda a Glória.
Europa.

Em 1965, fizemos os primeiros discos para crianças e começamos o programa de Rádio. Em 1969, devido a um calo nas cordas vocais e não podendo seguir o programa intenso de PV, deixei a Missão.   Foi uma oportunidade de aceitar convites de diversos amigos missionários na Europa.  Passei 6 meses ministrando em diversos países dali.

Em 1970, de volta ao Brasil, o Senhor nos dirigiu a trabalhar com dois casais, fundando a Comev (Comunicações Evangélicas).   Tivemos oportunidade de expandir o Programa de Rádio, distribuindo-o por todo Brasil. Produzimos  LPs, cassetes.

Em 1975, o Senhor tornou em realidade o que nem sonho era:  Mel Cuthbert entrou em minha vida. Missionário da ABWE – Association of Baptist for World Evangelism. Daí iniciamos um ministério juntos.  Por 45 anos estamos servindo  assim ao Senhor.  Queremos servi-lO fielmente até àquele dia em que O encontraremos nos ares, ou quando formos chamados diante de Sua preciosa presença.  O Senhor seja louvado para sempre.

Testemunho de Romilda Cuthbert enviado ao Projeto Hinologia Cristã em 19/12/2023

© 2023 de Romilda Cuthbert – Usado com permissão

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