O Maravilhoso Mundo da Composição Musical Cristã – Atilano Muradas

por Admin HC · Published 03/06/2023 · Updated 03/06/2023

O MARAVILHOSO MUNDO DA COMPOSIÇÃO MUSICAL CRISTÃ (Atilano Muradas)

CAPA Livro ”A Composição Musical Evangélica”

Meu nascimento, em 1963, quase ocorreu dentro da igreja, em meio a uma conferência onde meu pai regia o coro e a minha mãe, grávida, era uma das coristas. Por pouco não nasci “literalmente” em meio aos hinos, no mesmo banco do coral que eu faria parte anos depois; não muitos. Aos 5 anos eu já cantava com meus pais em viagens missionárias. No coro, aos 7 anos, cantava no soprano, aos 13, no contralto, e, depois disso, me firmei no tenor. Na adolescência, enquanto me aprofundava na música cristã, descobri a MPB e todas as suas variantes, e explorava os primeiros acordes do violão, instrumento que adotei como parceiro. Aos 14 anos, passei a dar aulas de violão, bem como, realizar as primeiras experimentações como compositor. “Desconstruindo” as letras, as melodias e as harmonias de autores cristãos e não cristãos, eu buscava entender o misterioso mundo da composição musical. Como uma música poderia nascer do nada e se tornar algo que todos se identificam, cantam e se emocionam? Eu não sabia, mas, ali eu começava a encontrar o meu próprio caminho como compositor, algo que não demorou muito a se tornar público e notório, tanto na Igreja quanto fora dela. Passando a atuar nesses dois universos musicais semelhantes, porém, de letras bem distintas, fui asfaltando o meu caminho e naturalmente me distanciando de todos os compositores que admirava. Nascia ali o compositor que continuo a ser até hoje, 47 anos depois, e, ao que parece, serei até o final. Apesar de ter me tornado marido, pai, avô, militar, jornalista, escritor, pastor, nunca abandonei a composição musical, e continuo a achar que ela é o que de melhor faço na vida.

Ao ler neste livro as experiências de composição de tantos músicos notáveis, relembrei, mais uma vez, que nunca estive sozinho no mundo, que havia outros como eu, conectados à fonte de toda inspiração – Deus –, trazendo da eternidade lampejos de beleza em forma de canções. Nenhum compositor da presente obra trouxe para si a glória de ter as melhores ideias; nem Sullivan, o nosso Pelé da composição. Todos foram unânimes em dizer que a inspiração vem do alto, que nosso dom é uma dádiva divina, um presente do Todo Poderoso com o fim de aliviar as dores humanas. Como bem escreveu Newton Mendonça e Tom Jobim na famosa “Desafinado”: “Eu possuo apenas o que Deus me deu”.

O presente livro é um achado não apenas para as novas gerações. É também aos próprios autores, que se encontraram com seus contemporâneos numa confraria de relatos bondosos, onde cada um pode, enfim, agradecer a “influência” que o outro lhe doou anos atrás. Aliás, aproveito, também, para agradecer a muitos deles – e aos outros que, porventura, estejam lendo este meu texto. Quanto mais o tempo passa, mais percebo o quanto sou produto de meus antepassados e contemporâneos. Somos todos filhos de Tom Jobim, que é filho de Pixinguinha, que é filho de Chiquinha Gonzaga, que é filha de Beethoven, que é filho de Mozart, que é filho de Bach, que é filho de Davi, que é filho de Jubal, que foi gerado por Deus e é “o pai de todos que tocam harpa e flauta” (Gênesis 4.21).

A composição musical começou no Céu e lá terá sua continuidade por toda a eternidade. Assim como eu, todos os compositores manipulam ondas invisíveis de inspiração e se sentem completamente impotentes diante de ideias que nunca conseguiram compor, que parecem bater na trave, mas nunca cair no gol da nossa mente. Diante disso, quero crer que, quando nosso corpo for glorificado, lá na eternidade, passaremos a ouvir claramente a melodia e a letra que nos soprará o Criador, então, criaremos belíssimas e perfeitas canções. Nem precisaremos de todo o esforço que Bené Gomes teve que empreender para conceber a letra de “Ao único” – que história!

Por fim, quero deixar registrados dois desejos. O primeiro é que esta obra e a história de todos esses incríveis compositores, inaugure uma nova página na hinologia cristã: a que valoriza autores e compositores. Isto, porque quanto mais intérpretes surgem para as canções, mais os nomes dos compositores desaparecem, principalmente, porque muitos cantores e cantoras não se dão ao trabalho de apresentar quem compôs as músicas que cantam; ou por inocência, ou por desejarem se passar por compositores do que cantam. O segundo desejo é que os historiadores não cristãos, enfim, deem mais atenção à nossa história musical cristã. Este livro será uma excelente contribuição a isso. E que venham novos volumes com outros compositores e compositoras, para que o mundo veja a gigante estatura da música cristã brasileira e mais compositores se inspirem. Nós, músicos cristãos, se de algo podemos nos gabar, é pelo fato de conhecermos a música cristã tão bem quanto conhecemos a música não cristã. O músico não cristão, infelizmente, ainda não tem noção da riqueza musical que circula dentro dos templos evangélicos. Que este livro lhe sirva de estudo e informação de quão maravilhoso é o mundo da composição musical cristã.

ATILANO MURADAS é pastor, jornalista, teólogo, escritor, e compositor de mais de 800 músicas. Possui 11 CDs gravados e vários livros publicados.