Hinos relacionados ao menino Jesus – Rolando de Nassau
Hinos relacionados ao menino Jesus
(Especial para “Hinologia Cristã”)
O primeiro desaparecimento foi um evento histórico na vida de Jesus, José e Maria.
Lucas, em seu evangelho (capítulo 2, versos 39-51) relatou um fato que muito preocupou os pais naturais de Jesus.
“No ano 16 da Era Cristã, quando estava com 12 anos de idade, Jesus acompanhou seu pais carnais (José e Maria) na longa viagem de subida, de Nazaré (Gailéia) para Jerusalém (Judéia), que eles “todos os anos” faziam para a festa da Páscoa.
Terminados os sete dias festivos, o menino Jesus permaneceu em Jerusalém, “sem o saberem seus pais”. Ao regressar à Galileia, o casal ficou ciente de que Jesus não estava entre os seus companheiros de viagem (provavelmente adolescentes), os parentes e conhecidos; “não o achando”, voltaram a Jerusalém; depois de “três dias” o encontraram no Templo.
Nas atividades festivas, o casal tinha descurado a vigilância sobre o menino.
Maria era mãe amorosa, mas teve a “coragem” de perguntar: “Por que procedeste assim?, teu pai e eu ficamos ansiosos”.
Podemos imaginar a aflição do casal nessa “crise familiar”.
Muitos pais se preocupam com seus filhos (sua recreação, suas amizades, seus estudos e sua participação em reuniões religiosas).
Jesus respondeu a Maria e José: “Não sabíeis que eu devia estar na casa de meu Pai?”. Eles não entenderam essas palavras, a missão divina e a conduta juvenil de Jesus.
Embora advertida pela predição do profeta e pelo anúncio de um anjo por ocasião da gestação do menino (Mateus 1: 22 e 23), Maria só compreendeu completamente quem era o seu filho quando ele foi crucificado (Mateus 27: 56; João 19: 25-27).
Jesus era uma criança bem dotada mental, física e espiritualmente (Lucas 2: 40 e 52). Instruído na escola e na sinagoga, certamente entre as influências a maior era a dos pais; na escola ele apreciava a natureza da Palestina e a ciência da época; dedicava-se à aprendizagem profissional; na sinagoga estudava a legislação de Moisés; na vida social procurava conduzir-se retamente; no lar cultivava o respeito pelos pais.
Jesus participou, durante sete dias, dos ritos do Judaísmo; resolveu, ficando mais três dias, pregar o Evangelho. O menino sumiu – para discutir teologia no meio de doutores no Templo de Jerusalém!”.
Lucas foi o único evangelista a relatar esse evento marcante na biografia de Jesus e na história do Cristianismo; seu evangelho é mais do que o registro dos feitos e ensinos de Jesus: é o relato de suas experiências como pessoa humana (Hollanda, Roberto Torres. Os ensinos de Jesus. 2ª. tiragem, a ser lançada em meados do corrente ano de 2023).
No século 17, dois hinos luteranos foram publicados sobre o menino Jesus: “Mein liebster Jesus ist verloren” (Meu amado Jesus está perdido) e “Meinen Jesum lass ich nicht” (Meu Jesus eu não deixo).
No primeiro, José declara que o sumiço de Jesus trouxe desespero e que a palavra “desaparecimento” era tonitruante para os seus ouvidos.
Um pecador indaga: “Onde encontro meu Jesus? Quem me mostrará a trilha?”, também preocupado em achá-lo em Jerusalém e suas cercanias.
Maria, desolada, implora: “Jesus, deixa-me Te achar. Aparece logo!”.
Neste hino é curioso ter sido atribuída à voz de um baixo a oportunidade da resposta, para mostrar que Jesus era um menino que pensava como um judeu adulto.
O pecador, na sexta estrofe do hino, fica tranquilo: “Meu Jesus por sua Palavra fez-se ouvir novamente para nos consolar. Levanta-te, alma! Tendes de ir ao Templo para vê-lo agora”.
Maria, reconfortada, confessa: “Sou mãe abençoada porque Jesus foi encontrado. Nunca mais o deixarei!”.
Os discípulos prometeram que sempre estarão ao lado de Jesus; sabemos que eles abandonaram o Mestre.
O segundo hino revela a influência de Maria e a desfaçatez dos discípulos quando disseram: “Nosso dever é grudar em Jesus como um carrapicho”. Entretanto, um deles, ciente da dura adversidade da sociedade humana disse que depois da vida terrena abraçará Jesus para todo o sempre.
Maria e seus amigos reconhecem, afinal, que no céu encontrarão a verdadeira satisfação.
No século 17 esses dois hinos representam a hinodia alemã e holandesa, e demonstram o vigor do canto congregacional.
Brasília, DF, em 08 de abril de 2023.
Rolando de Nassau.
Doc.HC-144
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