Ao Deus de Abraão Louvai

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Ao Deus de Abraão Louvai

Letra: Daniel ben Judah, c. 1404
Paráfrase: Thomas Olivers (1725–1799), 1770
Tradução: Robert Hawkey Moreton (1844-1917), 1896
Melodia Tradicional Hebraica
Arranjo: Michael Leoni, 1770

The God of Abraham praise

Edith Mullholland (1917-2017) escreve em seu livro “Notas Históricas do HCC (2002)” o seguinte comentário sobre “Ao Deus de Abraão Louvai”:

Este hino baseia-se numa versão metrificada do Yigdal, doxologia dos treze artigos da fé hebraica, atribuída a Daniel ben Judah Dayyan, que viveu no século 14.

Thomas Olivers (1725-1799), um pastor metodista itinerante galês, ouviu o Yigdal cantilado[1] em hebraico em estilo recitativo por um famoso diretor de canto, Meyer Lyon (chamado Leoni), numa sinagoga em Londres. Muito impressionado, Olivers conseguiu a letra e adaptou-a, dando-lhe um “caráter cristão” em sua referência ao Deus Triúno. A seu pedido, Lyon transcreveu a melodia. Olivers publicou o hino num panfleto com o título: Um hino ao Deus de Abraão, em cerca de 1770, dando à melodia tradicional hebraica o nome de LEONI. Os irmãos Wesley incluíram o hino no seu hinário Pocket hymn book (Hinário de bolso), em 1785. Outras versões do Yigdal apareceram depois, sendo preferidas em outros hinários, mas o Hinário para o culto cristão inclui as estrofes 1 a 4 do hino como adaptado por Olivers, com pequenas alterações.

Conta-se a história duma jovem judia que se batizou na fé cristã e, em consequência disso (como Salomão Ginsburg) foi abandonada pela família. Foi acolhida no lar do pastor que a batizou, e lá pôde expressar sua fé. Como se fosse para mostrar que, apesar de tudo, sua alegria no seu recentemente descoberto Salvador era maior do que a perda de lar e família, ela cantou: “Ao Deus de Abraão louvai”.[2]

Robert Hawkey Moreton, tradutor deste hino para o português, nasceu em Buenos Aires, Argentina, no dia 10 de janeiro de 1844, filho de imigrantes ingleses. A família voltou à sua pátria em 1861, onde Robert começou a estudar medicina. Sentindo-se chamado para o ministério, deixou a medicina para se preparar na Faculdade Teológica de Richmond, Estado de Virgínia (EUA). Depois de formar-se, trabalhou durante quatro anos na Inglaterra.

Sendo aceito pela Sociedade Missionária Metodista Wesleyana após seu casamento em 1871, Moreton e esposa foram para a cidade do Porto, Portugal, onde iniciaram um trabalho que duraria 54 anos. Organizou a Igreja Evangélica Metodista do Porto e outras igrejas em outros locais. Durante anos foi superintendente do trabalho metodista na Península Ibérica, trabalhando no ministério metodista até sua morte em 1917.

Moreton, um homem de muita capacidade e interesses variados, traduziu muito material para estudos bíblicos para a língua portuguesa, além de livros e artigos apologéticos. Deixou uma imensa contribuição em revisões bíblicas realizando conferências sobre história, viagens e ciências naturais, que conhecia profundamente.”[3] Introduziu, também, o sistema de solfejo tônico em Portugal.

Robert Moreton preparou uma coleção de hinos em 1876. Escreveu numerosos hinos, trinta e seis dos quais estão em Salmos e hinos e treze no Cantor cristão, 36ª edição. Entre eles há textos originais, traduções e adaptações. O Hinário para o Culto Cristão inclui mais cinco das suas melhores traduções nos hinos 72, 96, 331, 347, 504.

O Pesquisador Carlos Itamar Jajewsky comenta acerca de Yigdal:

   יִגְדָּל

Este hino, em hebraico, tem em sua essência atividade especial nas celebrações, de lembrar ao adorador a grandeza e majestade do Eterno Deus.

“YIGDAL, engrandecer”, compartilha com “ADON OLAM, Senhor do Universo” lugar de honra na abertura e no fim de várias celebrações religiosas judaica, instando o adorador a lembrar dos atributos do Deus Eterno.

Sua doxologia, em hebraico, baseia-se nos trezes princípios que norteiam a fé do judeu, evocando-o que Deus é o Criador de todos os seres, que é Único, e que somente Ele é nosso Deus, foi e será, que é incorpóreo e que está isento de qualquer propriedade antropomórfica.

Que nada existiu antes d’Ele e que nada existirá depois d’Ele, que Ele é o único a quem é apropriado orar.

A confiar que todas as palavras dos profetas da bíblia, são verdadeiras e que as profecias de Moisés são verídicas e os mandamentos para os homens foram dados a ele pelo Criador.

A confiar que a Palavra de Deus não será modificada e que o Criador conhece todos os atos e pensamentos dos seres humanos e que o Criador recompensa aqueles que cumprem os seus mandamentos, e pune os que transgredem suas leis.

A confiar plenamente na vinda do Messias e, que, embora ele possa demorar, devemos aguardar todos os dias a sua chegada e, a confiar plenamente que haverá um dia o renascimento dos mortos, quando for a vontade do Criador.

E que, “Ao Deus de Abraão” seja para sempre, toda honra e toda glória.

“Por meio de Jesus, portanto, ofereçamos continuamente a Deus um sacrifício de louvor, que é fruto de lábios que confessam o seu nome”. Hebreu 13.15.

Pr. Carlos Itamar Jajewsky, 2022

Carlos Itamar Pimenta Jajewsky é advogado, policial, escritor, pesquisador na área de segurança pública, autor do projeto que deu origem a Força Nacional de Segurança Pública brasileira.

© 2022 de Carlos Itamar Jajewsky
Hinologia Cristã – Usado com permissão

[1] Cantilhação: Canto religioso em estilo recitativo, especialmente no serviço judaico. Dicionário de música. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1982. p.65.

[2] PRICE, Carl F. One hundred and one hymn stories. Nashville, TN: Abingdon Press, 1966. p.1053.

[3] BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Música Sacra Evangélica no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, 1961. p.326.

Ao Deus de Abraão Louvai

Letra: Daniel ben Judah, c. 1404
Paráfrase: Thomas Olivers (1725–1799), 1770
Tradução: Robert Hawkey Moreton (1844-1917), 1896
Melodia Tradicional Hebraica
Arranjo: Michael Leoni, 1770

Ao Deus de Abraão louvai, do vasto céu Senhor,
Eterno e poderoso Pai e Deus de amor!
Augusto Jeová que terra e céu criou,
Minha alma o Nome exaltará do grande “Eu-Sou”.

Ao Deus de Abraão louvai! Eis por mandado seu,
Minha alma deixa a terra e vai gozar no céu.
O mundo desprezei, seu lucro e seu louvor,
E Deus por meu quinhão tomei e protetor.

Meu Guia Deus será! Seu infinito amor
Feliz em tudo me fará por onde eu for.
Tomou-me pela mão, na trevas deu-me luz,
E dá-me eterna salvação por meu Jesus.

Meu Deus por si jurou, eu nele confiei!
E para o céu que preparou eu subirei.
Sua face eu hei de ver, confiado em seu amor,
E para sempre engrandecer meu Redentor.

Ao Deus de Abraão Louvai

Letra: Daniel ben Judah, c. 1404

Paráfrase: Thomas Olivers (1725–1799)

Data da Paráfrase: 1770

Tradução: Robert Hawkey Moreton (1844-1917)

Data da Tradução: 1896

Música: Melodia Tradicional Hebraica

Arranjo: Michael Leoni, 1770

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