A contribuição feminina à hinodia evangélica (I) – Roberto Torres Hollanda
A contribuição feminina à hinodia evangélica – I
(Especial para “Hinologia Cristã”)
Na Inglaterra, no fim do século 17 (o século das Revoluções), estavam sendo proclamados direitos para os cidadãos, inclusive para as mulheres, que se reuniam nas igrejas.
Em 1690 circulou um panfleto a respeito do canto congregacional, o qual era condenado por ser parcialmente contrário à Bíblia, pois permitia que as mulheres dele participassem; num trecho rezava assim: “Fico muito admirado que um Homem admita a prática do canto pelas mulheres, e que qualquer Mulher presuma que pode cantar na Igreja de Cristo, quando está proibido pela Palavra, porque Canto é Ensino.
Alguém argumentou que o canto, “no culto”, é uma santa ordenação; “na Escritura”, a letra de uma canção é um “método” de ensino (Colossenses 3: 16).
É aceitável cantar hinos escritos por mulheres?
Elas podem procurar outros meios de servir à Igreja, desde que permaneçam fiéis às Escrituras.
É inegável a influência feminina sobre a hinodia evangélica.
Escolhemos 10 mulheres que, desde 1834, em várias denominações evangélicas e em diferentes países, escreveram letras de hinos. Relacionamos 38 hinógrafas que oportunamente serão comentadas neste espaço.
A pioneira na hinodia evangélica foi a inglesa Charlotte Elliot; apoiada no evangelista suíço César Malan, desenvolveu sua espiritualidade por meio de seus textos poéticos; seu hino “Tal qual estou” (“Cantor Cristão”, no. 266) tem sido muito usado em campanhas evangelísticas.
Sucedida por Sarah Flower Adams, com seu hino “Mais perto quero estar” (“Cantor Cristão”, no. 283). Abandonou sua promissora carreira de atriz, e dedicou-se à literatura.
Lydia Baxter, inválida, convidava pessoas para confraternização em sua residência (“Cantor Cristão”, no. 62).
A metodista Elvina Mabel Hall, em seu hino “Venho como sou” (“Cantor Cristão”, no. 268), incentivava os convertidos a perseverarem na fé cristã.
A escritora americana Julia Ward Howe abraçou a causa abolicionista e pacifista: propôs que as mulheres do mundo se organizassem contra as guerras e a discriminação racial; escreveu o hino “Vencendo vem Jesus” (HCC, no. 153).
A hinógrafa recordista (embora tivesse ficado cega na infância) foi Fanny Jane Crosby, que na maturidade começou a escrever seus quase 9 mil hinos religiosos.
Sarah Poulton Kalley traduziu centenas de hinos, de origem inglesa ou norte-americana, para o idioma português, que foram aproveitados no século 19 no hinário congregacionalista “Salmos e Hinos”.
A metodista Priscilla Jane Owens escreveu o hino “Nossa morada na Rocha está”, que era muito cantado nos primórdios das denominações evangélicas no Brasil (HCC, no. 416).
A escocesa Elizabeth Cecilia Clephane escreveu um hino cristocêntrico, “Bem junto à cruz de Cristo” (HCC, no. 134); ela em sua juventude atendia os pobres e doentes.
A inglesa Frances Ridley Havergal desde a meninice escrevia versos. Aos 14 anos teve uma profunda experiência religiosa na Igreja da Inglaterra. Nos apelos evangelísticos dos cultos das igrejas no século 20 era muito usado o seu hino “Morri na cruz por ti” (HCC, no. 124).
Oportunamente, voltaremos a este assunto.
Brasília, DF, em 11 de setembro de 2021.
© 2021 de Roberto Torres Hollanda – Usado com permissão
Doc.HC-109
O artigo de Roberto Torres de Hollanda é magnífico por restaura duas situações importantes: A proibição às mulheres de pregar e ensinar e, como num contrassenso cultural a capacidade que Deus deu a elas de compor tão belos hinos.