Jonas Christensen (1943-1992)
Jonas Christensen (1943-1992)
Jonas Christensen (1943-1992) foi músico, cantor, compositor, arranjador e regente brasileiro, conhecido por sua significativa contribuição para a música sacra de nosso país. Nascido em 15 de janeiro de 1943, na cidade de Osasco, São Paulo, ele era filho de Adolfo Christensen e Nair Cerqueira Christensen, membros da então 5ª Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo, que hoje é a 1ª Igreja Presbiteriana Independente de Osasco. Jonas Christensen foi regente do coral dessa igreja durante cinco anos, no período de Dezembro de 1959 a Agosto de 1964.
Desde muito cedo Jonas demonstrou diversos talentos, com destaque especial para a música, e, em particular, para a música sacra. Iniciou seus estudos com o Maestro e Prof. João Wilson Faustini e especializou- se em Regência Coral na Escola de Música da Union Seminary de Buenos Aires e no Westminster Choir College, em Princeton, USA. Estudou Regência Orquestral na Escola Superior de Música de Freiburg, Alemanha, frequentou os cursos em Santiago de Compostela (com Ginastera), na Espanha, e em Ossiach-See, Áustria, com o Maestro Hans Swarowsky.
Com o Coral da Câmara de Osasco representou oficialmente o Brasil no Festival Internacional de Música do Uruguay.
Atuou como regente em diversas cidades brasileiras, regendo Concertos Corais Sinfônicos, com a Orquestra Sinfônica de Estado de São Paulo, Orquestra Sinfônica Brasileira, Orquestra Sinfônica de Campinas e Orquestra São Paulo Pró-Música.
Durante seus anos de estudo no Instituto José Manuel da Conceição (JMC) em Jandira, Jonas deixou uma marca indelével em seus colegas e na instituição. Ele e o autor deste texto, Eduardo Chaves, nasceram no mesmo ano de 1943, e foram colegas de classe por três anos no curso colegial clássico, de 1961 a 1963. Em 1962, também foram colegas de quarto no JMC, instituição cuja maior parte dos alunos era interno. Durante esse período, o autor teve o privilégio de cantar no Coral João Sebastião Bach, na igreja à qual Jonas estava vinculado na época, a 5ª Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo, em Osasco.
A habilidade de Jonas como barítono era notável, especialmente em suas interpretações de diversas árias da obra “O Messias” de Handel, em particular a que começa com a frase “Diz o Senhor, o Rei Jeová…”. Mas a característica mais marcante de Jonas no campo da música, em especial na música sacra, foi seu entusiasmo contagiante, sua capacidade de motivar, sua energia aparentemente inesgotável, seu compromisso total com seus corais e grupos musicais, sua criatividade e sua disposição de sempre explorar novos caminhos e introduzir inovações em seu trabalho.
Como amigo de Jonas, por convite seu, e em sua companhia, o autor visitou pela primeira vez o Teatro Municipal de São Paulo, onde assistiram, em 1962, uma maravilhosa audição, com orquestra e coral, da Nona Sinfonia de Beethoven. Essa experiência marcou o início de uma série de visitas de ambos ao teatro, nos concertos regulares das sextas-feiras à noite e nos concertos matinais dos domingos.
Jonas compôs em parceria com Eduardo Chaves o intróito “Santo e Onipotente”, em uma das aulas de Composição Musical com o Prof. João Wilson Faustini.
Santo e Onipotente (1962)
Letra: Eduardo Chaves (1943- )
Música: Jonas Christensen (1943-1992)
Santo e Onipotente
É o Eterno Pai,
Ele está presente:
Glória a Ele dai!
Amém.
Jonas também atuou como regente titular da Catedral Evangélica de São Paulo, Coral Sanbra, Coral da Faculdade Marcelo Tupinambá e do Coral Universitário Anhembi- Morumbi.
Atuou como Membro da Comissão Estadual de Música, de 1976 a 1978.
Recebeu o prêmio da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) em 1977.
Foi Coordenador do Movimento Coral do Estado de São Paulo, de 1979 a 1981.
Em 1980 regeu o grande Coral em Aparecida do Norte, nas solenidades de consagração da Basílica, dirigido pelo Papa João Paulo II.
Gravou o primeiro disco da BASF, série Música Sacra Paulista, o Stabat Mater e Moteto da Imaculada de André da Silva Gomes, obras restauradas pelo musicólogo Régis Duprat.
Ainda na década de 80, como Diretor Artístico da Soarte Empreendimentos Culturais em São Paulo, Jonas organizou o Festival da Música Sacra em Embu e coordenou o evento em Paraty, no Rio de Janeiro.
Jonas foi discípulo e grande amigo pessoal do Professor, Regente, Maestro e Pastor João Wilson Faustini (1931 – 2023), um grande nome da música sacra brasileira.
A morte prematura de Jonas em 9 de março de 1992, aos 49 anos, representou uma perda significativa para a música sacra brasileira. Jonas deixou esposa Adriana e um casal de filhos, Patrícia e Fernando.
Texto original de Eduardo Chaves,
Colaboração: Adriana Christensen / Dorotéa Machado Kerr
© 2023 de Hinologia Cristã – Usado com permissão
Vídeo produzido a pedido do Dr. Flávio Christensen Nobre (Homenagem à Família Christensen)
Por Eduardo Chaves
Jonas Christensen nasceu em 15/01/1943 na Cidade de Osasco/SP.
Filho de Adolfo Christensen e Nair Cerqueira Christensen, crentes professos da 5.ª Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo, em Osasco, hoje 1.ª Igreja Presbiteriana Independente de Osasco.
Jonas foi uma pessoa que muito cedo revelou múltiplos talentos, em especial na área musical, e, dentro desta, na área da música sacra. Além de regente coral e maestro de conjuntos musicais instrumentais, ele era cantor (barítono), organista / pianista, compositor, arranjador, e divulgador da música sacra. Depois veio a ser professor na área, no Ensino Superior.
Fui seu colega no Instituto José Manuel da Conceição, em Jandira (para essa instituição vide meu blog Instituto JMC (https://jmc.org.br). Nascemos no mesmo ano, 1943. por isso estávamos no mesmo nível de escolaridade. Fomos colegas de classe, no Curso Colegial Clássico do Instituto por três anos (1961-1963). No ano de 1962 fomos também colegas de quarto e, durante esse ano e o seguinte (1963), tive o privilégio de cantar, mediante convite seu, no Coral João Sebastião Bach, de sua igreja, a já mencionada 5ª Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo, em Osasco, que ele ensaiava e regia. Era pastor da igreja na ocasião o Rev. João Euclydes Pereira, nosso professor de História no JMC.
O Jonas era um barítono de primeira. Lembro-me bem de seus solos nas nossas interpretações do Messias de Haendel — em especial da ária “Thus saith the Lord, the God of Hosts” (“Diz o Senhor, o Rei Jeová”, na tradução de J. W. Faustini).
Mas estas palavras frias não deixam transparecer a característica principal do Jonas na área musical, em especial na música sacra: seu entusiasmo contagiante, sua capacidade de motivar, sua energia aparentemente inesgotável, seu total envolvimento com seus corais e seus grupos musicais, sua criatividade, sua disposição de tentar caminhos novos, nunca antes percorridos.
Jonas foi discípulo e amigo do Professor, Regente, Maestro e Pastor João Wilson Faustini.
Lembro-me da primeira ocasião em que fui assistir a um concerto no Teatro Municipal de São Paulo. Foi em 1962. O Jonas chegou ao quarto meio esbaforido, deve ter sido por volta das 18h, e me disse para me aprontar que a gente iria assistir a um concerto da Nona Sinfonia de Beethoven, com o Faustini, a Queila, então mulher dele, hoje falecida, a Alzira Val, colega nossa no JMC. Nem me perguntou se eu queria. Arrumei-me rapidamente, pegamos o trem subúrbio da Sorocabana, e chegamos ao Teatro em cima da hora. O concerto era às 21h. Era uma sexta-feira. Encontramos o Faustini & Cia na galeria. Fiquei deslumbrado, com a música e com o teatro. Fiquei emocionado ao ver os olhos do Faustini e do Jonas cheios de lágrimas em diversos pontos da apresentação. Foi minha primeira ida a um teatro e a primeira vez que ouvi a Nona Sinfonia.
Mas depois dessa primeira vez, voltei com o Jonas ao Teatro Municipal em várias sextas-feiras, sempre a convite dele. Lembro-me de ter assistido a um Concerto do Cravo Bem Temperado, de Bach, interpretado por João Carlos Martins (naturalmente, antes dos problemas que lhe afligiram as mãos). Deve ter sido em 1963. Rapidamente nos tornamos “fregueses” dos Concertos Matinais “Mercedes Benz”, nos domingos de manhã, às 10h. Eram gratuitos.
Jonas foi regente de vários corais importantes, entre eles o Coral Evangélico de São Paulo e o Coral da Catedral Evangélica de São Paulo. E cantei com ele no Coral João Sebastião Bach, agora o de São Paulo, que ensaiava numa salinha na Praça da República, do qual ele veio a ser regente, posteriormente.
Com sua morte prematura (09/03/1992 em São Paulo/SP), aos 49 anos, a música sacra brasileira perdeu, não só quem já era um de seus principais expoentes, mas um dentre aqueles que certamente se tornariam um de seus grandes líderes. Ao falecer, deixou a esposa Adriana e os filhos Patricia e Fernando.
São Paulo, 19 de Agosto de 2018
eduardo@chaves.pro
© 2018 de Eduardo Chaves – Usado com permissão
Que bela reportagem Eduardo Chaves. Muito bom mesmo!!!. Vc com seus talentos. Parabéns. Deus o abençoe.
Olá Eduardo Chaves. Bela reportagem. Que Deus continue abençoando a sua vida. Parabéns!
Não conheci o Jonas, mas gostei do que extraí da biografia de alguém tão agraciado, mas que se foi muito cedo.
Nasci em 1943 também e ainda estou vivendo, cheia de energia. Imagino tudo que o Jonas teria realizado com estes anos a mais!
Parabéns Eduardo por esta postagem! Ao lê-la reportei-me ao final de 1960 quando cheguei em Osasco vindo de Assis e fui para a V Igreja e fui convidado pelo nosso querido “Joninhas” para integrar o Coral João Sebastião Bach na apresentação do Messias de Handell! Fizemos boa amizade, curtimos bons momentos e tenho tantas lembranças do nosso Maestro que passam inclusive por uma viagem que fizemos ao Uruguai com um coral que ele montou e que você também participou no inicio de 1965. Agradeço a Deus pela oportunidade de ter conhecido o Mt. Jonas, pelas oportunidades e pelo muito que aprendi com ele. Grande Cara que deixou muita saudade!
Agradeço os comentários da Cleide, da Ondina e do Joracy.
Tenho intenção de fazer uma biografia mais ampla do Jonas. Entrei em contato com os filhos dele, que ficaram de me enviar material — mas até agora (12/1/19) não o fizeram.
Eduardo CHAVES
Eu fiquei emocionado em ver este post sou primo do Jonas de 1 Grau por parte de mãe,minha mãe era irma do Pai dele Sr Adolfo
(in Memoriam) casado com a Sra Nair tiveram outros 2 filhos Josué e Nicola(Baby) in memoriam ,Jonas Christensen sempre foi um orgulho para nossa família foi uma grande perca para nos todos muito jovem e bonito resplandecia uma energia sempre alegre e feliz eu tenho esta memoria da visita dele e dos seu irmãos em minha casa na época eu era muito jovem anos 80 para 90 era uma alegria eles eram muito alegres ,que saudades tenho muitas historias deles em minha casa , fiquei emocionado em saber que tem uma pessoa igual o Sr Eduardo CHAVES que fez esta homenagem ao amado Jonas…guardo ele em minha memoria e me lembro a ultima vez que o vi antes de seu falecimento …Deus abençoe Sr Eduardo
Tive aula de canto coral na Faculdade Marcelo Tupinambá em SP com um maestro Jonas Christensen que morreu prematuramente antes do término do curso.
A faculdade deixou de existir e sempre procurei saber um pouco mais sobre esse homem e maestro incrível mas não sei se esse Jonas é o mesmo que foi meu professor.
Sim, é o mesmo.
Maravilha!! Foi meu professor na Faculdade
Marcelo Tupinambá.acho 1988..e quando doente me procurou pra indicar uma pessoa pra arrumar algumas roupas, emagreceu muito.Fiquei abalada.Fui convidadas fazer parte do primeiro festival de corais em Paraty.Adorei ter encontrado essa biografia….saíamos pra cantar .pelas ruas era muito divertido..e pedia pra tirarmos xerox..
Recebi um pouco mais de informação da família do Jonas do Dr. Flávio Christensen Nobre, advogado radicado em Barueri, que é primo de primeiro grau do Jonas. A mãe do Dr. Flávio, Lídia Christensen, era irmã do Sr. Adolfo Christensen, pai do Jonas. Ambos, o Sr. Adolfo e a Da. Lídia, era filhos (ela a caçula de 11) de Da. Dirce Christensen, avó do Jonas, que, segundo o Dr. Flávio, “foi uma das fundadoras Primeira Igreja Presbiteriana de Osasco em 1937”. Acho que quis dizer “Primeira Igreja Presbiteriana Independente de Osasco”, mas posso estar enganado. A atual Primeira Igreja Presbiteriana de Osasco foi a Quinta Igreja Presbiteriana de São Paulo, antes de Osasco se tornar independente.
Que bela reportagem. Bateu uma baita saudades das aulas de Coral com o Jonas na Marcelo Tupinambá. Figura linda que ficará para sempre na memória. Fomos cantar “Haja Paz na Terra” na Igreja de Moema numa missa de sétimo dia, pura emoção.
Estudei com Jonas Christensen na faculdade do Instituto Musical de São Paulo, Coral e Regência, em 1977.
Que maravilha!
MARAVILHA…. Assim sempre falava o Maestro, pessoa a frente do seu tempo, ao qual conheci ne minha juventude e lá fomos para o Festival de Paraty com os Corais ao qual ele era Maestro.
Uma figura ímpar, super bem humorado.
Na época fazia Teatro amador e era atleta, ele me colocou para fazer o Cristo no Festival, mas um Cristo de vanguarda…. Lá em Paraty deu branco na minha fala e esqueci o texto totalmente (hahaha), depois o Maestro ria muito. SALVE MAESTRO. VOCE FOI UM GÊNIO. e após muitos anos olha nós ai, na trincheira da Cultura.
Parabéns Eduardo. Voltei emocionado, para os anos de 1962/3/4, em que tivemos o privilégio de conhecer e conviver, no nosso inesquecível JOTA, com pessoas tão ilustres e determinadas no aprimoramento dos seus .dons. Obrigado por nós trazer o JONAS à nossa memória afetiva.
Fiquei muito emocionada com essa homenagem merecida à Jonas, foi meu querido professor de canto coral em 1983 na Faculdade Marcelo Tupinambá, falava que eu era soprano sopraníssima. Eu dorava quando ele levava vozes especiais para as aulas, sopranos, tenores e barítonos, foi nesses momentos enriquecedores que me apaixonei por Ópera. Saudades do Professor e maestro….as aulas dele eram incríveis e muito incentivadoras.